"Se não vais para junto do teu marido mato-te"
19-02-2016 - Ana Monteiro
Quando o amor está no ar, lamentamos ter de dizer que não há qualquer romantismo naquela que é a realidade para centenas de raparigas no Burkina Faso. Maria é uma delas. Aos 13 anos, percorreu a pé, sozinha, 170 quilómetros. Tudo para fugir a um casamento forçado com um homem de 70 anos de idade e já com outras 5 "mulheres". "Se não vais para junto do teu marido mato-te", disse-lhe o próprio pai.
Este não é caso único. No país, 1 em cada 3 raparigas é obrigada a casar antes dos 18 anos. Algumas têm apenas 11 anos. A escola, na maioria dos casos, torna-se um sonho perdido. A obrigação destas raparigas passa a ser ter filhos - tantos quantos o marido quiser e quando este quiser, mesmo que algumas não tenham sequer corpo para suportar a gravidez - tratar da casa e trabalhar no campo. É comum os homens terem várias "mulheres".
A Constituição do país protege estas raparigas ao indicar que os casamentos forçados e precoces são ilegais. Porém, até hoje eles continuam a realizar-se em cerimónias tradicionais e as autoridades preferem fechar os olhos. Temos de ser nós a exigir que tomem uma atitude.
No Burkina Faso a tradição não pode continuar a ser o que era! Junte a sua voz a este apelo assinando a petição que vamos entregar às autoridades do país. Ajude ainda partilhando este email. Juntos vamos fazer com que estas raparigas não fiquem esquecidas.
Ana Monteiro
Coordenadora de Campanhas
Amnistia Internacional Portugal
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