“BEM-VINDO À TERRA”, finalmente, diz CENTENO
12-02-2016 - N.A.
O ministro das Finanças Mário Centeno esteve esta manhã na Assembleia da República para apresentar o plano de Orçamento do Estado para 2016, e deixou duras críticas às políticas de austeridade do Governo social-democrata.
Duarte Pacheco, do PSD, foi o primeiro deputado a questionar Mário Centeno, criticando o processo orçamental e recordando que “não são extraterrestres” quem paga impostos em Portugal.
Mário Centeno retribuiu a ironia: “Bem-vindo à Terra, finalmente. Ao fim de quatro anos chegou aqui e percebeu de facto que este país não é feito de extraterrestres, é feito de portugueses e portuguesas que sofreram as consequências da austeridade cega implementada durante quatro anos”.
O ministro das Finanças acusou o anterior Executivo de “prometer à Comissão Europeia em Abril de 2015 um cenário que não se cumpriu e com consequências para 2016 muito gravosas para o país” e acrescentou que “foi necessário adaptar este Orçamento ao que resulta da execução de 2015″.
Nomeadamente, Centeno atacou de forma cerrada o anterior governo pelos encargos que deixou nas contas públicas deste ano, tendo “empolado artificialmente a receita em 2015″. “De facto, não há milagres depois do Orçamento do ano passado”, ironizou Mário Centeno.
O ministro alegou que o novo OE aposta nos salários e num alívio da carga de impostos directos. Nesse sentido, “a austeridade entra no princípio do seu fim quando optamos por promover rendimentos”, disse.
Reposição das 35 horas “só tem impacto” para a oposição
Ainda em resposta a Duarte Pacheco, o ministro das Finanças afirmou que “a questão das 35 horas não é uma questão de natureza orçamental neste momento”.
“Só tem impacto nas vossas caras”, completou, dirigindo-se aos deputados da oposição que se mostraram admirados e com comentários paralelos sobre o impacto nas contas do Estado.
O deputado do PSD questionou Centeno sobre o momento da entrada em vigor das 35 horas e para que trabalhadores.
“Querem propor a medida, muito bem, mas expliquem aos portugueses como é que a pretendem aplicar. Não é o ministro dizer uma coisa, o primeiro-ministro uma segunda e o secretário de Estado uma terceira”, disse o deputado social-democrata.
A reposição das 35 horas, afirma o ministro, “é objectivo do Governo e vai ser alcançado sem aumento dos custos globais com pessoal”. Centeno acrescentou ainda que “não há um único estudo sobre o impacto das 40 horas na Administração Pública”, medida introduzida pelo Executivo de Passos Coelho.
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