Governo reconhece que subir salário mínimo prejudica emprego
11-12-2015 - ZAP
O aumento do salário mínimo poderá ter um ligeiro impacto negativo no mercado de trabalho, sendo provável que possa afectar a taxa de desemprego, reconhece ao Económico uma fonte do novo Governo.
Fonte governativa citada pelo Económico reconhece que há a convicção no seio do executivo de que o aumento do Salário Mínimo Nacional poderá ter um impacto negativo, ainda que ligeiro, nas perspectivas de criação de emprego.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, terá já tirado ele próprio conclusões sobre esse efeito, em estudos que desenvolveu sobre a matéria antes de chegar ao Governo.
De acordo com o Económico, uma subida do Salário Mínimo Nacional de 5%, que corresponde ao aumento de 505 para 530 euros que está em discussão, “provoca uma redução de 3% na probabilidade de manter emprego”.
A previsão faz parte das conclusões de Mário Centeno no livro “Trabalho, uma visão de mercado“, que o agora ministro das Finanças escreveu para a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
No livro em causa, Mário Centeno defende ainda que o aumento do Salário Mínimo tem também um impacto negativo nos salários imediatamente acima da retribuição mínima mensal.
“Depois daqueles que perdem o emprego em consequência do aumento do salário mínimo, estes são os trabalhadores mais prejudicados pelo seu aumento”, consta no estudo de Centeno.
Por cada 1% de aumento do SMN, haverá uma redução de 0,1% no crescimento dos salários imediatamente acima.
“Será muito arriscado fazer subidas significativas no salário mínimo”, diz João Cerejeira, economista especializado em assuntos do mercado de trabalho, ao Económico.
“Os estudos que fizemos não indicam que a subida do SMN provoque mais despedimentos, mas implicam menos contratações”, explica o economista.
O primeiro-ministro António Costa levou esta quarta-feira à concertação social uma proposta de aumento do SMN de 505 para 530 euros já em 2016.
A proposta do governo prevê uma subida do SMN para 530 euros em 2016 e aumentos progressivos nos anos seguintes, de forma a chegar 600 euros em 2019.
Segundo o DN, os sindicatos consideram a proposta insuficiente, enquanto as confederações empresariais pedem sobretudo prudência e contrapartidas do estado que compensem o aumento de custos que a medida provoca.
ZAP
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