Cientistas lusos ensinam ciência a luso-descendentes em Berlim
04-12-2015 - N.A.
Cientistas portugueses a viverem na Europa fizeram no final de Novembro uma sessão de ciência dedicada a crianças luso-descendentes, que se transformou numa aula “muito dinâmica, em que se estabelece o diálogo, permitindo mostrar a diversidade da ciência”.
Em declarações à agência Lusa em Berlim, Joana Moscoso, bióloga de formação, disse que a ciência incentiva à aprendizagem do português entre as crianças descendentes de emigrantes portugueses, que nem sempre dão valor à língua portuguesa.
“As crianças adoram porque não se dão conta que estão a aprender português. Aprendem vocabulário novo e criam uma memória positiva e interessante em português, destruindo a ideia de que a língua que se fala em casa é obsoleta. Fazemos com que tenham orgulho de falar aquela língua”, referiu a cientista e cofundadora da ‘Native Scientist’ - uma empresa fundada em 2013 por duas cientistas portuguesas sediadas em Londres com objetivo de fortalecer as comunidades de emigrantes portugueses através da ciência.
As sessões contam com cerca de 20 crianças e cinco cientistas de diversas áreas que, durante 90 minutos, vão rodando entre pequenos grupos e mostrando “objectos de laboratório, maquetes, modelos de cérebro, modelos do olho, fazendo mini-experiências como a extracção do ADN, vêem coisas à lupa ou ao microscópio”, explicou Joana Moscoso.
A cientista acrescentou que escolheram os filhos de emigrantes portugueses porque “para se ter um bom aproveitamento escolar é preciso haver um bom acompanhamento em casa e os emigrantes portugueses são normalmente pessoas que trabalham imenso e acabam por ter menos tempo para os filhos”.
A cientista acrescentou que “é muito comum as crianças bilingues terem um aproveitamento escolar um bocadinho abaixo da média nos primeiros dois anos de escola” mas garantiu que, uma vez ultrapassada a barreira da língua, acabam por ter melhores resultados do que os ingleses monolingues. Joana Moscoso afirmou que existe “algum preconceito” relativamente aos falantes da língua portuguesa na Inglaterra e o projecto acaba por trabalhar “a imagem de Portugal na sociedade inglesa porque directores das escolas começam a perceber que o português é uma língua útil”.
Depois da primeira sessão em Berlim, que decorreu na Embaixada de Portugal, as cientistas querem levar o projecto a outras cidades alemãs, como Estugarda, num total de três sessões durante o ano escolar de 2015-2016.
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