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Portugal vs Grécia, ou as diferenças entre Centeno e Varoufakis

27-11-2015 - António Freitas de Sousa

A Associated Press quis fazer um comparativo entre a Grécia e Portugal, dois países com governos da esquerda radical, para saber se os dois povos estão no mesmo barco. A conclusão é que tudo leva a crer que não.

A agência internacional norte-americana Associated Press (AP), a mais antiga do mundo, cedeu à curiosidade antropológica de esmiuçar a presença no seio da União Europeia de mais um governo de iniciativa da esquerda radical, na tentativa de aferir se Bruxelas estaria ou não, com Portugal, perante uma nova Grécia.

A resposta parece ser ‘não’ – não tanto pela tentação pós-austeridade, que parece estar no centro das atenções tanto de Alexis Tsipras como de António Costa, mas mais pelo que afasta Mario Centeno, o novo ministro das Finanças português, de Yanis Varoufakis, o aguerrido e motoqueiro antigo homólogo grego.

“O novo ministro das Finanças português, formado em Harvard, é discreto e auto-disciplinado – e está muito longe do antigo ministro Varoufakis, cujos gritos de rebeldia alienaram os créditos da Grécia. Os portugueses geralmente não são tão impetuosos como os gregos, sem registo de protestos violentos nas ruas de Lisboa”. “Centeno não é Varoufakis”, conclui a AP, que dá voz a Federico Santi, analista da consultora Eurasia Group, com sede nos EUA, que observa que, “ao contrário do que se passa na Grécia, os radicais partidos de esquerda de Portugal não estarão sentados nas cadeiras do conselho de Ministros e Portugal não está à procura de guerras com Bruxelas”. Santi acha, mesmo assim, que “existe um risco de Portugal entrar numa deriva em direcção às políticas mais populistas”, mas concluiu que é “é seguro dizer [que Portugal] não será mais uma Grécia”.

O artigo da AP, assinado por Barry Hatton, tenta, apesar de tudo, fazer um balanço entre o que une e o que separa os governos de esquerda radical de ambos os países do Sul da Europa. As semelhanças parecem pesar mais na balança: “Os povos de Portugal e da Grécia têm ambos sido duramente atingidos por anos de cortes orçamentais. Os gregos têm lutado com um aumento da pobreza e do desemprego”, tendo elegido um governo de esquerda. “Em Portugal, uma reacção semelhante era previsível nas eleições gerais no mês passado, quando os partidos anti-austeridade juntos recolheram mais de 60% dos votos”. As dívidas soberanas de ambos os países são igualmente elevadíssimas, salienta o texto, mas a esquerda radical agora no poder nas duas pontas da Europa quer aliviar a pressão da austeridade.

Quanto às diferenças – e para além de Centeno e Varoufakis – a AP salienta que “Portugal ficou aquém de seu objectivo de ser como a Irlanda, (…) mas a taxa de desemprego caiu de 17,7% em 2013 para 11,7% no terceiro trimestre de 2015. Ao cumprir o seu plano de resgate, Lisboa foi capaz de emergir do sistema de revisões periódicas por parte dos credores”. Por outro lado, “as taxas de empréstimo de Portugal continuam a ser muito baixas, apesar da incerteza política”, ao mesmo tempo que os títulos da Grécia, pelo contrário, não são elegíveis para esse apoio [do BCE], porque têm uma classificação inferior”.

No geral, a agência norte-americana dá crédito aos que pensam que Portugal não será nunca como a Grécia – o que parece constituir fonte de algum alívio para os seus temores.

Fonte: Económico

 

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