Cunhada trama Sócrates e reforça acusação do Ministério Público
06-11-2015 - N.A.
A companheira do irmão de José Sócrates terá feito declarações, no âmbito da Operação Marquês, que o Ministério Público (MP) considera “muito relevantes” para a acusação contra o ex-Primeiro-ministro.
Entre os depoimentos prestados por Tânia Gouveia, a companheira de António Pinto de Sousa, que faleceu em 2011, está o de que quem pagava as férias da família era o ex-primeiro-ministro José Sócrates.
O DN teve acesso ao depoimento, que foi ouvida a 17 de Dezembro de 2014, e revela que a companheira de António Pinto de Sousa terá dito aos investigadores do MP que era hábito a família passar férias junta e em locais caros como o Pine Cliffs Resort no Algarve, onde na época alta se paga, em média, 500 euros por noite.
Tânia Gouveia ainda terá mencionado viagens a Salvador da Bahia, no Brasil, à Áustria e à Itália, onde terão ficado alojados em hotéis de 5 estrelas – e tudo a expensas de José Sócrates.
O salário de António Pinto de Sousa como funcionário público rondaria os 800 euros mensais, pelo que não teria capacidade para suportar tais gastos.
“Tudo era tratado pelo gabinete do senhor engenheiro, que era assim que se falava”, terá dito Tânia Gouveia, citada pelo Diário de Notícias.
Funeral do irmão de Sócrates pago pelo motorista
As despesas do funeral de António Pinto de Sousa também terão sido suportadas por Sócrates, mas não directamente – antes através do seu antigo motorista, João Perna, que também é arguido no caso.
O DN sustenta que o Ministério Público detectou uma transferência de 40 mil euros de Carlos Santos Silva para João Perna e que, depois disso, este emitiu um cheque à agência funerária Servilusa no valor de 27 mil euros.
João Perna terá ainda emitido outro cheque no valor de nove mil euros à Emergência Médica Internacional que efectuou o transporte de António Pinto de Sousa de Lisboa para um hospital na Corunha, onde acabou por falecer.
Tânia Gouveia também terá desmentido José Sócrates quanto ao primo José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, suspeito nos processos Freeport e Monte Branco e também envolvido no caso da Operação Marquês.
Sócrates terá argumentado, junto dos investigadores, não ter uma relação próxima com o primo, sublinhando até que não estava com ele há vários anos.
Tânia Gouveia, pelo contrário, terá garantido a presença habitual de José Paulo Bernardo Pinto de Sousa nas férias familiares.
O depoimento da companheira de António Pinto de Sousa será considerado “muito relevante” pelo Ministério Público, a tal ponto que, “ao contrário de outros que se mantiveram apenas gravados num CD, até foi escrito um detalhado resumo do mesmo numa informação da Autoridade Tributária”, afiança o Diário de Notícias.
Em reacção a estes dados, a defesa de José Sócrates reagiu falando em “coscuvilhice”, de acordo com o jornal.
Fonte: Lusa
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