"Vou parar a greve"
30-10-2015 - TSF
Numa carta publicada pela Rede Angola, Luaty Beirão anuncia o fim do protesto. O advogado do activista diz que a defesa já tem uma estratégia definida para o julgamento.
A greve de fome de Luaty Berão chegou ao fim ao 37.º dia. O portal de notícias Rede Angola publicou uma carta do activista dirigida aos companheiros detidos, onde Luaty anuncia o fim da greve de fome.
Pode ler aqui a carta de Luaty Beirão na íntegra. carta-luaty-beirao.
À TSF, o advogado de Luaty Beirão, Luís Nascimento, diz que os pedidos da família pesaram na decisão, em particular o apelo da mulher, em nome da filha do casal. Mas Luís Nascimento explica que o activista teve em conta também a posição assumida pelo Jornal de Angola, que defendeu que o Presidente da República não tinha responsabilidade no caso, colocando assim a pressão sobre os órgãos da justiça.
Luís Nascimento considera que a prioridade é a reabilitação de Luaty Beirão, que está muito debilitado depois de mais de um mês de greve de fome. O advogado revela também que a defesa já tem uma estratégia definida para o julgamento.
A carta publicada esta terça-feira, assinada por Luaty Beirão, foi entregue ao Rede Angola pela família. Explica que abandona a greve de fome porque a vitória já foi alcançada: "a máscara já caiu. A vitória já aconteceu".
"Vamos dar as costas. E voltar amanhã de novo", diz o rapper. Luaty Beirão entende que muita coisa mudou, durante os 36 dias em que esteve em greve de fome. Em várias partes do mundo, muitos pediram a libertação dos jovens detidos em Junho. "Conseguimos muita atenção", diz o activista, ao mesmo tempo que o regime foi revelando a sua "fragilidade".
Luaty Beirão diz que "foi o próprio regime que, incapaz de conter os seus próprios instintos repressivos, foi, a cada decisão, obviando a vã promessa de democracia". E acrescenta, "a prepotência, incompetência e má fé demonstradas na gestão do nosso processo, trouxeram-nos até aqui".
Luaty Beirão diz que o que foi conseguido nas últimas semanas fica muito acima das melhores expectativas. Mas, diz o activista, "não vejo sabedoria do outro lado", "a força parece desproporcional". Por isso, suspende a greve de fome, garantindo que vai continuar a lutar. Agora que os jovens já não são "arruaceiros", nem "jovens revús". Agora, que "já não estamos sós".
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