PS vai revelar acordo à esquerda antes de Passos cair
30-10-2015 - ZAP
O acordo à esquerda fica fechado até à moção de rejeição e será revelado até à queda de Passos Coelho, quando o programa de governo da coligação estiver prestes a ser rejeitado na Assembleia.
Apesar de Carlos César ter dito, em entrevista à SIC, que só faria sentido divulgar o acordo quando António Costa fosse indigitado pelo Presidente da República, o presidente do PS corrigiu-se na sexta-feira passada, numa nova entrevista à RTP, e garantiu que o acordo estará “fechado em associação à deposição do Governo” da coligação.
De acordo com as informações apuradas pelo Observador junto de fontes socialistas, o partido quer mesmo dar a conhecer o acordo com o Bloco de Esquerda e Partido Comunista quando o Governo de Passos Coelho estiver para cair, episódio que pode acontecer já nas próximas semanas.
Também o Diário de Notícias já tinha noticiado que este acordo à esquerda deverá estar pronto esta semana. Segundo o jornal, os três partidos querem levar a Cavaco Silva um acordo escrito, com ideias bem assentes para o próximo governo, logo depois da moção de rejeição ao programa do PSD-CDS.
Enquanto isso não acontece, Passos Coelho estará ocupado a formar o seu novo Governo e a escolher os futuros ministros da próxima legislatura. Já do outro lado, as negociações entre o PS, BE e PCP vão continuar.
Jerónimo de Sousa já garantiu que “o acordo está bem encaminhado” e Catarina Martins disse que já há medidas negociadas como, por exemplo, a co-adopção e o fim dos exames do quarto ano.
Porém, de acordo com o Diário Económico, as negociações com o BE estarão mais avançadas do que com o PCP. Por isso, há a possibilidade de virem a existir dois acordos separados das negociações – um entre o PS e o BE e outro entre o PS e o PCP que poderão resultar num único documento assinado pelos líderes dos três partidos.
Em cima da mesa das negociações continua a estar a atualização do salário mínimo que ainda é o ponto que está a gerar maior confronto, uma vez que tanto o BE como o PCP querem que o salário mínimo nacional suba para os 600 euros. Está também a ser discutido o fim da sobretaxa do IRS e a redução do IVA da eletricidade.
Para já, o PS cedeu em não avançar com o corte da Taxa Social Única para as empresas, o que permitirá financiar o descongelamento das pensões.
Caso assuma a posse do Governo, o PS também não vai avançar com a reforma do IRC e os salários da Função Pública serão repostos a um ritmo de 25% por trimestre até ao final do próximo ano o que, segundo o Económico, representa uma despesa que ronda os 600 milhões de euros.
Relativamente à moção de rejeição, é cada vez mais certo que o PS também deverá apresentar um documento, mesmo depois de o Bloco e o PCP terem garantido que iam avançar contra qualquer Governo de Passos. Assim sendo, neste momento existem dois cenários possíveis: ou um texto único entre os três partidos ou documentos diferentes para cada um.
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