Edição online quinzenal
 
Segunda-feira 15 de Setembro de 2025  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Só 2% do dinheiro da saúde é gasto a prevenir. Médicos dizem que é pouco

02-10-2015 - Nuno Guedes com Joaquim Ferreira

Especialistas dizem que prevenção é uma das maiores dificuldades do Serviço Nacional de Saúde. A pergunta do dia da TSF para os partidos em campanha centra-se hoje nos cuidados de saúde primários.

Prevenir e detetar precocemente as doenças. O problema não surge muitas vezes nas notícias, mas vários especialistas garantem que é, talvez, a maior falha do Serviço Nacional de Saúde (SNS), numa altura em que, apesar da descida dos últimos anos, 1,2 milhões de portugueses continuam sem médico de família.

A caminho das eleições, durante a campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para a futura legislatura. Hoje a questão que queremos colocar ao longo do dia aos partidos olha para a saúde: Quando é que todos os portugueses vão ter médico de família?

O Coordenador do Programa Nacional da Diabetes da Direção-Geral de Saúde (DGS) é um dos especialistas que dá um cartão vermelho a todos os governos no que tem sido feito ao nível da prevenção e deteção precoce de doenças.

José Manuel Boavida explica que quando pensamos em prevenção falamos não apenas da promoção de hábitos saudáveis (que atrasem o surgimento de doenças), mas também na capacidade que o sistema de saúde deve ter para detetar as doenças antes de terem consequências graves.

Apesar da anunciada aposta do último governo, com algum reforço orçamental na prevenção, o especialista diz que o SNS está acima de tudo virado para o tratamento "porque quer responder às urgências, ou seja, aquilo que assusta as pessoas por aparecer nas primeiras páginas dos jornais", seguindo-se "uma política de comunicação e não de saúde".

José Manuel Boavida acrescenta que segundo a Organização Mundial de Saúde apenas 2% do orçamento desta área vai para a prevenção, quando se sabe que a maior diferença em relação a outros países desenvolvidos é que em Portugal as doenças chegam demasiado cedo e incapacitam as pessoas durante mais tempo. Uma realidade visível na maioria das doenças crónicas.

O responsável da DGS explica que além de prevenir mal, o país é mau, também, a diagnosticar a tempo. A culpa é, entre outras razões, da falta de médicos de família e de consultas de especialidade difíceis de marcar no SNS. Não será por acaso que um estudo da Entidade Reguladora da Saúde concluiu que quem faz um seguro privado procura, acima de tudo, tempos de espera mais curtos em consultas e uma melhor prevenção de doenças.

O coordenador do Plano Nacional de Prevenção das Doenças Oncológicas também admite que o 'calcanhar de Aquiles' da saúde em Portugal ainda é a prevenção e a deteção precoce de doenças, em especial o atraso no rastreio de alguns tipos de cancro. Nuno Miranda garante, contudo, que tem existido uma grande evolução.

A falta de acesso aos cuidados de saúde primários é um obstáculo porque os médicos de família têm um papel fundamental, nomeadamente na educação dos utentes. Razões que levam Nuno Miranda a dizer que o centro da medicina deve passar dos hospitais para os centros de saúde.

O coordenador do plano para as doenças oncológicas admite que a chamada prevenção primária, antes do surgimento da doença, promovendo estilos de vida saudáveis, é muito difícil e exige mais investimento porque envolve mudanças de hábitos em pessoas que se sentem bem e não pensam nas consequências a longo prazo.

Um desleixo que custou uma perna

Apesar das falhas do SNS, por vezes as doenças que acabam mal têm como principal culpados os próprios doentes. José Teixeira, de 55 anos, é um desses casos.

Açoriano de São Miguel, José sabia há vários anos que tinha diabetes. Não controlou a doença e um dia bateu com um pé numa mesa do escritório onde trabalhava. A pancada não foi grande, mas o suficiente para desenvolver uma infeção que obrigou os médicos a amputarem a perna esquerda.

Ano e meio depois, José Teixeira anda estes dias por Lisboa para colocar uma prótese que lhe permita voltar a trabalhar. "O problema", admite, "foi mesmo meu" e, garante, "serviu-me de emenda..."

Rui Vieira, do Porto, tem uma história diferente. Aos 58 anos detetou sangue nas fezes e foi ao médico do sistema de saúde dos bancários que desvalorizou o problema. Os sintomas continuaram e a colonoscopia que revelou o cancro acabou por ser feita tarde de mais, obrigando a cortar uma parte muito maior do intestino. Um atraso que ainda hoje, 7 anos depois, tem consequências no seu dia-a-dia.

Fonte: TSF

 

Voltar 


Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome