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Ministro sabia da demora para realizar colonoscopias

10-01-2014 - D.N.

Em Novembro, Paulo Macedo reconhecia uma escassez anormal na oferta do serviço e prometia corrigi-la até o final do ano. Mas a doente citada pela edição desta quarta-feira do DN, encaminhada ao hospital Amadora-Sintra, teve de esperar dois anos pelo exame. Quando o fez, o cancro já era inoperável.

Em novembro do ano passado, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, admitia que “A colonoscopia é uma situação preocupante”, reconhecendo que havia uma escassez anormal na oferta desse tipo de serviços. “Essa escassez tem que ser ultrapassada. No caso em concreto da região de Lisboa é um microcosmos do fenómeno que existe em várias especialidades”. E concluía: “Vamos estar muito atentos e queremos corrigir essa situação até final do ano”.

Demora de dois anos

O Diário de Notícias desta quarta-feira revela o caso de uma doente com cerca de 60 anos que foi encaminhada para o Hospital de Amadora-Sintra após obter uma análise positiva durante um rastreio ao cancro colorretal. Até conseguir a primeira consulta de gastrenterologia, porém, teria de esperar um ano. Depois disso, seria forçada a aguardar mais um ano até fazer uma colonoscopia.

“Ao fim de dois anos, tinha cancro no intestino, grande e inoperável. Agora está a fazer quimioterapia neoadjuvante para reduzir, para ver se pode ser operada”, relatou ao jornal o médico de família que acompanha a paciente. O mesmo clínico afirma que este não é um caso isolado, mas sim que está a acontecer a vários doentes: “Demoram dois anos a responder e por vezes ainda me mandam carta para eu os mandar para o convencionado”. E acrescentou: “Neste caso a doente tinha cancro, mas esta espera significa que estes doentes estão há dois anos a sangrar e sem ter um diagnóstico. Muitos acabam por não esperar. Vão para o privado e pagam tudo”, frisou o médico.

Uma fonte oficial do Ministério da Saúde classificou o caso como “intolerável”, e adiantou que a tutela “o lamenta profundamente”.

Paulo Macedo conhecia a situação e prometia resolvê-la até o fim do ano

Mas o ministro Paulo Macedo já tinha conhecimento das dificuldades que os pacientes têm para conseguir fazer uma colonoscopia. Em novembro, o ministro disse: “A colonoscopia é uma situação preocupante, no sentido em que há uma escassez anormal na oferta desse tipo de serviços. Essa escassez tem que ser ultrapassada. No caso em concreto da região de Lisboa é um microcosmos do fenómeno que existe em várias especialidades”. E afirmava: “Vamos estar muito atentos e queremos corrigir essa situação até final do ano”.

O hospital Amadora-Sintra abriu um inquérito, mas o próprio diretor do Serviço de Gastrenterologia do hospital, Nuno Alves, já dera ao DN uma explicação: a carência de recursos humanos.

“A população do hospital é vasta, 500 a 600 mil pessoas, e só temos sete médicos no serviço, quanto tivemos 11. Estamos à espera há um ano para contratar”, disse, para reconhecer que, tendo em conta a “resposta limitada”, os médicos têm de proceder a uma triagem. “Quando há mais sintomas ou suspeitas, a espera é um mês”, explicou.

Preocupante

Já o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo admite a existência de um “problema preocupante” com a capacidade para a realização de colonoscopias na região, quer no sector público, quer no privado. Em declarações à agência Lusa, Cunha Ribeiro remeteu para as próximas duas ou três semanas a definição de uma estratégia de resposta.

A Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino, por seu lado, considerou inadmissível e inacreditável que um doente espere dois anos para fazer uma colonoscopia, quando um primeiro rastreio positivo obriga a que o exame seja feito de imediato.

Segundo Vítor Neves, presidente da Associação, as normas internacionais determinam que, após um rastreio positivo à pesquisa de sangue oculto nas fezes, a colonoscopia deve ser feita de imediato.

Em Portugal há cerca de sete mil casos de cancro do intestino por ano e, em média, morrem 11 pessoas por dia com a doença.

 

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