Eleições: novos partidos motivam «alguma movimentação» dos jovens
14-08-2015 - Lusa
Politólogos ouvidos pela agência Lusa defendem que existe «alguma movimentação», nomeadamente de jovens, por causa do surgimento de novas forças políticas concorrentes às legislativas, mas consideram que isso não se refletirá em resultados eleitorais significativos.
Nas legislativas de 04 de outubro, cinco novos partidos e uma coligação juntam-se à lista das habituais forças políticas: o Livre/Tempo de Avançar, o Nós, Cidadãos!, o Juntos Pelo Povo (JPP), o Partido Democrático Republicano (PDR), o Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP) e a coligação Agir (que inclui também o Partido Trabalhista Português e o Movimento Alternativa Socialista).
O politólogo António Costa Pinto afirmou à agência Lusa que os novos partidos não irão além dos 2,5% dos votos.
Também o politólogo José Adelino Maltez referiu que os resultados dos novos partidos nas legislativas serão “bastante modestos”.
A opinião dos dois especialistas difere quanto à capacidade de mobilização das mais recentes forças políticas junto dos jovens.
Para Costa Pinto, “dada a forte penetração no segmento estudantil, [os novos partidos] são polos de criação de novos ativismos políticos”.
“Também porque nalguns casos associam o ativismo político ao ativismo social” em prol de causas como o aborto e o casamento homossexual, enumerou.
Segundo o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, “estes pequenos partidos mobilizam mais [jovens], em proporção, que os partidos tradicionais”, por terem uma “maior capacidade de inovação” e “de apelo”.
O politólogo José Adelino Maltez é mais cético. “Eu gostava” que isso acontecesse, admitiu.
Apesar de existir “alguma movimentação”, tal “não passa de boas intenções sem adesão”, acrescentou o docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa.
Confrontando forças como o Livre/Tempo de Avançar e o Agir, que juntam ex-membros do Bloco de Esquerda, com o caso do partido espanhol Podemos, José Adelino Maltez considerou que “não são comparáveis porque em Portugal não existe a dimensão do ativismo que existe em Espanha”.
Por cá, “há um adormecimento deste tipo de atividade, desde logo em termos da universidade”, onde só se verifica uma “mobilização das Jotas [Juventudes Partidárias] para campanhas para associações de estudantes e para festas de cerveja”, constatou.
A militância é, na sua opinião, “vista como uma forma de prestação de serviço para obtenção de algo” já que “não há participação cívica desinteressada”.
Adelino Maltez disse também que os novos partidos são “demasiado corretos” e não originam uma “explosão social”.
Ainda assim, o politólogo reconheceu que “grande parte do esforço da militância se verifica ao nível das autarquias”, através de um “reforço das democracias locais, que são fundamentais”.
“Tenho assistido a debates em assembleias municipais e lá a coisa é mais séria… Há uma procura muito intensa de uma resolução para estes problemas”, observou, sublinhando que “os novos partidos estão a falhar completamente em não vir de baixo”.
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