Grécia acelera para evitar saída do euro e promete cortar já nas pensões
10-07-2015 - Luís Reis Pires
Novo pedido de resgate foi bem recebido e BCE e Comissão já o estão a analisar. Atenas apresenta hoje pacote detalhado de medidas e suaviza referências ao alívio da dívida.
A Grécia está num ‘sprint' final para evitar a saída da moeda única. Ontem formalizou um novo pedido de resgate junto da zona euro, onde suavizou as referências à dívida e prometeu mexidas imediatas nas pensões e no IVA. O Banco Central Europeu e a Comissão Europeia já estão a analisar o pedido, que foi discutido ontem também pelo Eurogrupo.
Atenas hoje vai apresentar um plano detalhado de medidas com que se compromete com os credores, naquele que é apenas o segundo passo de um processo que costuma ser longo, mas terá de ser acelerado entre hoje e sábado, para que no domingo o resultado da cimeira europeia não seja o anúncio do ‘Grexit'.
As medidas são aguardadas com alguma expectativa em Bruxelas, depois de o governo grego ter completado ontem o primeiro passo para tentar um acordo, formalizando um pedido de resgate junto do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), com mudanças significativas no discurso, face ao que tinha sido feito na semana passada.
Há três grandes alterações que saltam à vista no novo pedido grego e que agradam aos credores. Desde logo o facto de Atenas ter deixado de lado o pedido de empréstimo, assumindo agora que querem um programa completo, que traz mais condicionalismos. A carta, assinada pelo novo ministro das Finanças helénico, Euclides Tsakalotos, promete também avançar "imediatamente" com mexidas nas pensões e nos impostos, sobretudo na reforma do IVA, "o mais tardar no início da próxima semana".
Por fim, a referência à reestruturação da dívida ficou muito mais suave e a Grécia "está empenhada em honrar por completo as suas obrigações financeiras com todos os seus credores".
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, pediu ao BCE e à Comissão para analisarem o pedido grego durante a tarde. A avaliação deverá ter ficado concluída ainda ontem, já que, à hora de fecho desta edição, em Bruxelas falava-se de uma ‘conference call' dos ministros das Finanças durante a noite para discutir o pedido de resgate - discussão que só pode ter lugar após a análise das instituições.
Países bálticos e de leste mantêm pressão sobre Atenas
As reformas prometidas pelo governo grego para hoje, aliadas ao pedido de resgate e à atitude de Tsakalotos no Eurogrupo de terça-feira, deixaram alguma esperança em Bruxelas, mas com cautelas. "O Eurogrupo correu bem, a cimeira correu mal", conta fonte comunitária, "isto tem sido uma coisa bipolar desde o início". A mesma fonte frisa que é necessário que as negociações corram agora rapidamente e sem sobressaltos para se evitar o pior.
Mas nem todos estão empenhados em manter a Grécia no euro. Por exemplo, se para o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, o ‘Grexit' seria "uma admissão de impotência" que "França recusa", o mesmo não se pode dizer dos Estados bálticos e de leste, que continuam a pressionar para que a Europa seja dura com a Grécia. "Porque devem as pessoas acreditar que a nova proposta é a sério?", questionou ontem o governador do banco central da Letónia, Ilmars Rimsevics, frisando que "é difícil imaginar o que Tsipras pode oferecer de novo ao Eurogrupo" para evitar sair do euro.
Fonte: Económico
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