MINISTÉRIO PÚBLICO TEM NOVAS PROVAS CONTRA JOSÉ SÓCRATES
12-06-2015 - Lusa
José Sócrates vai continuar em prisão preventiva, depois de ter recusado a prisão domiciliária com pulseira electrónica, porque o Ministério Público acredita que ele pode perturbar “de forma significativa o inquérito”, nomeadamente a recolha e conservação das novas provas que terão sido encontradas contra ele.
A extensão da prisão preventiva foi confirmada na terça-feira pelo juiz Carlos Alexandre depois de o procurador Rosário Teixeira, que lidera a Operação Marquês, ter sublinhado a possibilidade de perturbação do inquérito e ainda a hipótese, embora remota, de fuga.
Estes temores do Ministério Público (MP) estarão relacionados com as novas provas que terão sido encontradas contra o ex-primeiro-ministro, conforme adiantam o jornal Correio da Manhã e a revista Sábado.
O diário avança que o “novo Aeroporto de Lisboa está na mira dos investigadores” que estarão a passar “a pente fino” as “compras e vendas de terrenos na Ota e em Alcochete”.
O MP suspeitará, de acordo com o Correio da Manhã, que José Sócrates terá recebido luvas para alterar a localização do Aeroporto, entretanto adiado por causa da crise, da Ota para Alcochete. Esta ideia baseia-se em negócios de compra e venda de terrenos, por parte de elementos do Grupo Lena, na zona para onde esteve prevista a construção.
Mas o MP acredita que a “corrupção também pode passar por imobiliário de luxo em Vale do Lobo“, afiança o mesmo diário, frisando que está em causa a “alteração do plano de ordenamento do Algarve”.
O Correio da Manhã cita uma resolução do Conselho de Ministros de 2007 que aprovou o Plano de Ordenamento do Território do Algarve e refere que foram detectadas transferências bancárias na ordem dos 12 milhões de euros para os empresários Hélder Bataglia, ligado à Escom, e Joaquim Barroca, do Grupo Lena.
Esse valor terá sido depois transferido para Carlos Santos Silva, o amigo de José Sócrates que é visto pelo MP como o “testa de ferro” do ex-governante.
A revista Sábado, por seu lado, fala da compra de uma quinta que era propriedade de Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, por intermédio de uma “offshore” das Ilhas Virgens britânicas.
Esta empresa já foi propriedade do construtor civil José Guilherme, depois passou para as mãos do primo de José Sócrates, José Paulo Bernardo, e finalmente passou a ser detida pelo empresário Luís Barroca, ligado ao Grupo Lena e um dos suspeitos no domínio da Operação Marquês, segundo adianta a mesma publicação.
A Sábado frisa que o MP suspeita de uma eventual “venda simulada” da quinta de modo a ocultar a ligação a Sócrates.
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