Syriza ganha as eleições na Grécia e promete acabar com a austeridade
26-01-2015 - N.A.
O partido de esquerda Syriza ganhou as eleições na Grécia e se aproxima da maioria absoluta, com 90% dos votos apurados. De acordo com os resultados parciais, o partido de Alexis Tsipras obteria 36,32% dos votos e 149 cadeiras no Parlamento, faltando apenas duas para a maioria absoluta. Em segundo lugar, a conservadora Nova Democracia do primeiro-ministro Andonis Samarás, chega aos 27,9% dos votos (76 cadeiras). O partido de extrema-direita Aurora Dourada ocupa o terceiro lugar, com 6,3% dos votos, e em quarto, está o centrista To Patami, com 6%.
Na noite deste domingo, Tsipras prometeu acabar com a "desastrosa austeridade". "Grécia passou uma página", declarou diante de simpatizantes.
Horas antes, Samarás admitiu a derrota e agradeceu aos eleitores pela "batalha difícil" dada. "O povo se pronunciou e respeitamos a sua decisão", declarou; o resultado "não é bom para nós". "Hoje deixo um país que sai da crise, membro da União Europeia e do euro . Desejo que o próximo Governo mantenha esses avanços".
Segundo os dados com quase metade dos votos apurados, entrariam ao Parlamento grego também os comunistas do KKE (5,41%), os socialistas do Pasok (4,81%) e os Gregos Independentes (4,69%). O partido do ex-primeiro-ministro Yorgos Papandreu, Movimento Socialistas Democráticos, fica de fora.
Dez milhões de gregos foram chamados às urnas neste domingo para decidir se referendarem o Governo liderado pelos conservadores da Nova Democracia ou optam por uma virada à esquerda simbolizada pela Coalizão da Esquerda Radical (Syriza) de Alexis Tsipras. As eleições foram antecipadas por causa de um movimento fracassado do até agora primeiro-ministro Antonis Samaras. Ele apostou seu futuro político na eleição do presidente, mas seu partido e os socialistas do Pasok (Movimento Socialista Pan-helênico, na sigla em grego), seu aliado menor de Governo, não obtiveram apoio suficiente para seu candidato, o ex-comissário europeu Stavros Dimas.
Depois de depositar seu voto na urna em um bairro popular de Atenas, Tsipras declarou que o povo grego "vai recuperar a dignidade". Tsipras, apontado pelas pesquisas durante a campanha como claro favorito com 30% a 36% dos votos, advertiu a União Europeia que o futuro da Europa "não está na austeridade, mas na dignidade e na coesão".
Samarás votou fazendo um apelo aos indecisos, 11% dos eleitores conforme as pesquisa, para consolidar um futuro unido à Europa. "Estas eleições determinarão o futuro do país e de nossos filhos. Hoje decidiremos se seguimos adiante, fortes, com segurança, ou se nos veremos imersos em problemas", disse ao sair da secção eleitoral de Messinia, no Peloponeso . "Há um número sem precedentes de indecisos, e acredito que são eles que acabarão determinando o resultado. Estou optimista, em todo caso, porque ninguém quer deter o rumo europeu do país", acrescentou.
O sistema eleitoral grego é muito complexo e o dado mais marcante é o bônus de 50 cadeiras que a lei eleitoral outorga ao partido mais votado em uma tentativa de garantir uma governabilidade que não parece assegurada depois das eleições deste domingo. Para obter maioria absoluta, um partido ou coalizão precisa ter pelo menos 151 deputados. Caso nenhuma legenda o consiga sozinha ou em coalizão, a Grécia terá de ir novamente às urnas, como já ocorreu em 2012.
Entre os aliados destaca-se o To Potami, que surgiu antes das europeias de Maio e cresceu como espuma. Sua ambiguidade programática deixa-o como "partido dobradiça", tanto para a Syriza, como para a Nova Democracia. O trio é completado pela Aurora Dourada, de impossível pacto com a Syriza, uma aliança que tampouco seria possível com o partido Comunista. Há mais dúvida sobre o Pasok e o Gregos Independentes.
O que está em jogo neste domingo não é só o futuro político, mas também, e sobretudo, o económico. Com uma taxa de desemprego superior a 25% e uma dívida pública que equivale a 175% do PIB, a Grécia vive esmagada pelos 240 bilhões de euros solicitados da comunidade internacional para evitar sua quebra. O fantasma da troika sobrevoou todos os discursos, assim como o termo grexit, com o que se sugere uma possível saída do euro que nenhum partido quer. O Syriza propões uma conferência sobre a dívida europeia e a introdução de uma "cláusula de crescimento" para a devolução do capital pendente, assim como uma moratória que permita à Grécia respirar.
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