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91% das empresas sem mão-de-obra para objetivos da economia verde

12-04-2024 - Sónia Santos Pereira

Trabalhadores com poucas ou nenhumas competências nos domínios da sustentabilidade. Universidades chamadas a reforçar leque de formações adequado ao mercado.

O caminho para uma economia verde e sustentável está a esbarrar na escassez de recursos humanos habilitados nestes domínios. Um estudo do ManpowerGroup concluiu que “91% das empresas nacionais carecem do talento necessário para implementar os seus objetivos de ESG” (sigla em inglês para Ambiente, Social e Governação), ou seja, de profissionais especializados em estabelecer e analisar indicadores ambientais, sociais e de governação numa organização corporativa. O desencontro entre oferta e procura é também agudo “em setores altamente técnicos em transição, como as energias renováveis e o automóvel”, realça Daniela Lourenço, da Manpower.

“O talento ainda não está a conseguir acompanhar as rápidas mudanças do mercado no que respeita às necessidades de competências”, diz.

O problema é global. O Green Jobs Report 2023 do LinkedIn dá conta de que, entre 2022 e 2023, a percentagem de talento com, pelo menos, uma competência verde aumentou uma mediana de 12,3%, enquanto as ofertas de emprego que exigem pelo menos uma habilitação nestas áreas cresceram quase duas vezes - com uma mediana de 22,4%.

A Agência Internacional de Energia estima a necessidade de criação até 30 milhões de novos empregos até 2030 na economia verde. Em Portugal, 65% dos empregadores nacionais inquiridos pela Man- power afirmam estar a recrutar talento verde ou a planear fazê-lo.

Guia de 2024 da Hays, multinacional especializada em recrutamento, revela que cerca de 59% das empresas têm objetivos e metas associados à Green Economy e 15% afirmam que vão recrutar, ao longo deste ano, profissionais nestas áreas. Há também a sublinhar que 57% ainda não possuem funções ou equipas internas que trabalhem diretamente esta temática.

Neste momento, as empresas portuguesas estão muito dinâmicas na contratação de técnicos e engenheiros do Ambiente, gestores especialistas em Sustentabilidade (sustainability specialistsustainability reporting analystsupply sustainability managersustainability consultants) e, especificamente em ESG (ESG specialistESG data analystESG reporting manager), diz Sofia Valentim, da Randstad Portugal.

Mário Gonçalves, da Hays, acrescenta ainda as funções de HSE supervisorrenewables engineerenvironment and waste specialist.

Segundo a Manpower, o mercado tem também solicitado profissionais para funções de Operações e Logística (35%), Tecnologias da Informação e Data (33%) e Indústria e Produção (31%).

Formação e requalificação

A escassez de mão-de-obra qualificada para assegurar a transição para uma economia verde tem obrigado os empresários a investirem na formação e requalificação dos seus colaboradores. Até porque “a procura irá crescer mais do que a oferta nos próximos anos”, sublinha Filipe Forte, da Michael Page.

Como lembra Sofia Valentim, “muitos profissionais que exerciam outras funções nas organizações acabam a assegurar, em complementaridade ou em exclusivo, estas novas responsabilidades/posições. Naturalmente, muitas vezes, com o suporte de novas formações académicas”.

Mas até ao nível da obtenção de competências há dificuldades. O Green Business Transformation Whitepaper, do ManpowerGroup, revela que os empregadores que procuram talento verde qualificado debatem-se não só com o problema de encontrar esses trabalhadores (44% dos inquiridos), mas também em criar programas de requalificação profissional (39%) e identificar competências existentes aplicáveis às novas funções (36%). O desafio é contínuo, nomeadamente porque “é previsível que aumente também o número de funções e competências verdes necessárias”, aponta Daniela Lourenço.

As universidades têm aqui um papel determinante. Sofia Valentim reconhece que têm feito o seu caminho nesta matéria, procurando dar resposta às necessidades do mercado de trabalho. No entanto, “existe a necessidade de incrementar o número de cursos disponíveis e de acompanhar aquelas que são as verdadeiras exigências dos profissionais e das empresas”, diz. Na sua opinião, “a principal lacuna do Ensino Superior é ainda ser muito reativo”.

Filipe Forte reconhece o “grande esforço para se oferecerem cursos relacionados com a Sustentabilidade e Ambiente, apostando tanto em licenciaturas, como pós-graduações ou mestrados”, mas não deixa de apontar que a apetência por “estas especializações tem crescido muito nos últimos anos, pelo que uma maior aposta por parte das universidades, irá igualmente ajudar a reduzir o gap entre procura e oferta, assim como aumentar o interesse dos estudantes nestas especializações”.

A economia verde será “uma área com um futuro muito promissor para os profissionais e muito desafiante para as empresas/indústria, tanto na retenção como na procura”, acredita Filipe Forte.
Nesta fase, o nível salarial destes profissionais ainda depende da experiência e do setor de atividade, mas o crescimento da demanda de pessoas qualificadas está a conduzir as empresas a oferecer salários mais competitivos e pacotes de benefícios atrativos.

Fonte: DN.pt

 

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