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“Não vamos enviar soldados”: Macron mudou a guerra na Ucrânia

01-03-2024 - Nuno Teixeira Da Silva

Presidente de França disse que enviar militares é uma possibilidade. Esta “loucura” colocou em risco “a vida de milhões de pessoas”.

Emmanuel Macron ainda deverá explicar o que disse e porque disse o que disse na segunda-feira.

Para já, só há críticas, negações e, provavelmente, a maior avalanche internacional de reacções desde o dia 24 de Fevereiro de 2022.

Houve uma reunião em Paris, com líderes de diversos países (António Costa era um deles), convocada pelo próprio Macron.

Assunto da reunião: balanço dos dois anos de guerra na Ucrânia.

Discurso da reunião: lançar maior confusão a nível global.

O presidente de França comentou que os outros países devem preparar-se “para que a Rússia ataque” – um aviso que não é novo.

“A conclusão colectiva é que, basicamente, a segurança de todos está agora em jogo”, continuou, antes de originar quase o caos na diplomacia internacional.

A frase: “Não há consenso hoje para enviar tropas terrestres de forma oficial, assumida e endossada. Mas dinamicamente, nada deve ser excluído. Faremos tudo o que for necessário para garantir que a Rússia não possa não vencer esta guerra”.

Ou seja, a França, uma das grandes potências militares e nucleares, admite intrometer-se na guerra com a Rússia.

Reacções

Obviamente, o próprio Governo russo foi dos primeiros a reagir. “Não é de todo do interesse destes países. Eles devem estar cientes disso”, disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, que acrescentou um ponto importante: “Só o facto de levantar essa possibilidade é um novo elemento muito importante. Nesse cenário, não estaríamos só a falar da probabilidade – mas sim da inevitabilidade (guerra com NATO)”.

Depois, começaram as negações. A própria NATO esclareceu que não tem planos para enviar soldados.

Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, assegurou que nenhum soldado da Europa ou da NATO vai combater na Ucrânia: “Nenhum militar vai para o terreno”.

O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, afirmou que enviar soldados para a Ucrânia “não está na ordem do dia”.

Os EUA, através da Casa Branca, lembraram que o presidente Joe Biden já repetiu que nenhum soldado local vai para a Ucrânia.

Entre outras origens, até do Vaticano chegou uma reacção. O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, avisou que colocar soldados da NATO na Ucrânia seria criar “a escalada do conflito que sempre se tentou evitar”.

Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, foi claro: “Nenhum militar eslovaco irá para a Ucrânia”.

Mas o mesmo Robert Fico contou que alguns países estão a pensar em acordos bilaterais para enviar tropas para a Ucrânia – algo que António Costa negou: “Não há nenhum cenário em que essa questão se tenha colocado”.

“Mudou a guerra”

Esta sugestão de Emmanuel Macron – que foi reforçada horas depois pelo primeiro-ministro Gabriel Attal – originou críticas duras de toda a oposição interna.

Marine Le Pen, a sua principal opositora, não hesitou nas palavras: Macron colocou “em risco existencial a vida de todos os 70 milhões de franceses”.

Neste debate no Parlamento, Gabriel Attal também não hesitou na resposta: o partido de Le Pen, o Rassemblement National, são “tropas de Vladimir Putin em França” e lembrou que, há dois anos, o partido queria uma aliança militar com a Rússia.

O Partido Socialista, através do seu líder Olivier Faure, disse que Macron “gosta de brincar com o fogo, de ser o centro das atenções, mas dividiu os países europeus“.

Éric Ciotti, do partido Os Republicanos, foi mais longe: Emmanuel Macron “mudou a natureza da guerra na Ucrânia. É uma declaração com consequências terríveis e foi feita sem qualquer debate parlamentar”.

Jean-Luc Mélenchon falou em “loucura” e alertou: sugerir guerra entre duas potências nucleares é claramente “irresponsável”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

 

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