| Pedro Nuno, acolhido como popstar, não é "candidato a nada", mas só "de momento"
07-07-2023 - João Pedro Henriques
Rodeado, como se esperava, de enorme aparato mediático, o ex-ministro das Infraestruturas assumiu esta terça-feira o mandato parlamentar. "Sou um deputado que apoia o governo", assegurou.
Esta terça-feira foi o primeiro dia do resto da vida de Pedro Nuno Santos como político. A duas semanas de a sessão legislativa terminar, o ex-ministro das Infraestruturas e Habitação assumiu o cargo de deputado (para o qual foi eleito como cabeça de lista do PS em Aveiro). Para já, dado que o Parlamento está quase a fechar para as férias de verão, não lhe irá ser atribuída nenhuma comissão. "Não há pressa", disse ao DN um responsável da bancada.
Pedro Nuno chegou ao piso do plenário parlamentar ao princípio da tarde, pouco depois das 14h00, acompanhado dos quatro deputados amigos e camaradas do PS com quem tinha almoçado no Il Matriciano, um restaurante italiano em frente ao Palácio de São Bento. Foram eles Francisco César, Tiago Barbosa Ribeiro, Hugo Oliveira e João Paulo Rebelo. No elevador juntou-se-lhe a deputada socialista Alexandra Leitão, também ela ex-ministra (da Modernização do Estado e Administração Pública, no segundo Governo de Costa, entre 2019 e 2022) e assumida "pedro nunista".
Depois, nos corredores, enfrentou, com frases previamente pensadas, o enorme aparato mediático que o esperava - afinal não é todos os dias que alguém que já assumiu ambições de liderança do PS assume o lugar de deputado.
"Temos um Governo muito bem entregue. O PS e o Governo têm muito trabalho pela frente. Sou um deputado que apoia o Governo."
Aos jornalistas assegurou que não é "candidato a nada" mas fazendo questão de acrescentar que isso é o que acontece "neste momento". "Neste momento, não sou candidato a nada" - foi esta a frase completa.
Questionado sobre se irá ser uma voz crítica face à liderança de António Costa, respondeu com uma pergunta ("mas porquê?"). E logo acrescentou: "Temos um Governo muito bem entregue. O PS e o Governo têm muito trabalho pela frente. Sou um deputado que apoia o Governo." A seguir explicou porque razão para já não irá assumir a representação do PS em nenhuma comissão: "O grupo parlamentar do PS fará ajustamentos [nos deputados] das comissões no início da sessão legislativa. Mas não posso ser eu a dar a informação. Só no início da próxima sessão legislativa terei uma ideia".
Perto das 14h15 entrou no hemiciclo pela porta habitualmente reservada aos deputados do PSD. Foi saltando de lugar em lugar cumprimentando diversos camaradas da bancada, nomeadamente uma outra ex-ministra, Marta Temido, agora vista como a provável próxima candidata do PS à Câmara Municipal de Lisboa (mas também há quem a veja como possível candidata, um dia, à liderança do PS).
A certa altura foi até aos lugares da frente na bancada do PS e sentou-se ao lado do líder do grupo, Eurico Brilhante Dias, trocando ambos algumas palavras. Depois voltou à última fila, sentando-se entre deputados eleitos pelo seu círculo: Hugo Oliveira - que aproveitou para tirar uma "selfie" com ele -, Joana Sá Pereira e Cláudia Santos. A tarde parlamentar foi depois decorrendo com uma enorme agenda (ver notícia ao lado) e sem que o impacto do regresso de Pedro Nuno Santos tenha sido ocultado por revelações quanto ao projeto de relatório final da comissão parlamentar de inquérito à TAP que nos últimos dias esteve a ser preparado pela deputada do PS Ana Paula Bernardo. O documento deveria esta terça-feira ter sido distribuído aos grupos parlamentares mas até às 23.30 não estava confirmado que tal tivesse acontecido. A distribuição estava a cargo do presidente da comissão, outro socialista, António Lacerda Sales.
Sete meses a descansar
Pedro Nuno demitiu-se do Governo em 28 de dezembro do ano passado, assumindo a responsabilidade política pelo controverso processo que levou a TAP a pagar uma indemnização de meio milhão de euros a uma administradora, Alexandra Reis, num tempo de forte contenção na empresa. Em 5 de janeiro deixou o Governo, quando foi substituído (a sua pasta foi dividida em duas: as Infraestruturas ficaram com João Galamba e a Habitação com Marina Gonçalves). Na mesma altura anunciou que deixava a direção nacional do PS. E desde então desapareceu dos holofotes, anunciando que precisava de férias. Chegou mesmo a afirmar depois que teve de fazer "uma espécie de luto".
Nas últimas semanas começou a reaparecer, convocado por comissões parlamentares para dar explicações sobre a TAP.
Há cerca de um mês, em 6 de junho, esteve na comissão de Economia, onde falou sobretudo do processo de reprivatização da companhia conduzido pelo Governo de Pedro Passos Coelho na sua fase final (2015) e da renacionalização determinada depois pelo primeiro governo de António Costa (2015-2019). Voltaria a São Bento em 15 de junho, convocado pela comissão parlamentar de inquérito à TAP. Aí deixou claro que considerava as suas responsabilidades plenamente assumidas desde o momento em que se demitiu do Governo: "Fiz o meu trabalho de boa-fé. As coisas não correram bem. E eu assumi as minhas responsabilidades demitindo-me. Essa é a punição máxima que aplicamos a nós próprios."
Fonte: DN.pt
Voltar |