Os bancos não precisam das poupanças: “Os clientes que procurem melhores condições”
26-05-2023 - Zap
Vítor Bento assegura que os bancos estão a tentar ao máximo ajudar as famílias – e que não precisam dos depósitos para sobreviver.
Os juros do crédito à habitação (empréstimos) em Portugal são definidos pela Euribor, os bancos portugueses não mexem no indexante.
Em relação aos juros dos depósitos , aí “há uma interferência dos bancos e cada um tem a sua própria política”.
Definição de Vítor Bento , presidente da Associação Portuguesa de Bancos, que admite que há “excesso de liquidez” no sistema bancário em Portugal.
Por isso, a maioria dos bancos não precisa de estar a disputar taxas de juros nos depósitos – embora a competição já tenha começado e os valores comecem a subir. Vítor Bento tem a certeza de que os juros dos depósitos vão aumentar ao longo dos próximos meses.
Essa competição, a concorrência, surge entre os bancos mas também envolve os clientes .
Nesse contexto, Vítor Bento disse na rádio Renascença que os clientes “também têm que ser actores ativos no processo da concorrência e, portanto, os clientes que procurem onde é que conseguem melhores condições para as suas próprias preferências, as suas necessidades e os seus desejos”.
E tem-se notado essa reacção: no primeiro trimestre de 2023 terão “desaparecido” 14.4 mil milhões de euros de depósitos bancários, em Portugal.
“Como compreenderá, isso levará os bancos e provavelmente terá já levado, bancos a reagirem. A concorrência vai provocar a convergência das taxas para um valor de mercado”, comentou o presidente.
Nesse processo, muitos clientes estarão a tentar banco após banco , para encontrarem a melhor solução para o seu caso.
Tendo noção de que há muitas famílias com dificuldades financeiras por causa da subida das taxas de juro (não pelo valor em si, mas pelo grande aumento em pouco tempo), é preciso também ter noção da escala, defendeu o responsável: se foram alterados 30 mil créditos, isso significa que só 3% do total de créditos à habitação foram alterados – entre os principais bancos.
“Não me quero esconder atrás de uma estatística para desvalorizar o problema das pessoas, porque o problema das pessoas é grave, mas também convém que tenhamos a noção de qual é a importância que isso tem em termos do país todo. Se estamos a falar em 3% dos contratos, é porque muitas outras pessoas conseguem acomodar as situações ”, destacou.
Para as pessoas que passam mais dificuldades, Vítor Bento disse que os bancos “estão a facilitar o mais que lhes é possível o ajustamento de parte das pessoas, enfim, daquelas que se considera que conseguirão, pagar o empréstimo ao longo da vida”.
“Se houver clientes que estão numa fase da sua vida que é perceptível, que é transitória e que é recuperável, os bancos , estou seguro, farão o melhor possível da parte deles para facilitar a vida dessas pessoas”, reforçou.
Além disso, “é do interesse dos bancos que as pessoas consigam pagar as dívidas. Os bancos não querem ficar com as casas para coisa nenhuma , até porque isso depois dá-lhes muitíssimo mais trabalho e pouco proveito. Depois tem que pôr os créditos em créditos em incumprimento e, portanto, os bancos querem que os seus clientes paguem”, explicou.
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