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Guterres recebe prémio Carlos V. "A guerra não é coisa do passado"

12-05-2023 - DN.pt

No Dia da Europa, o secretário-geral das Nações Unidas recebeu, em Espanha, o prémio europeu Carlos V, manifestando-se "sinceramente emocionado" com a "honra" que lhe foi atribuída, sem esquecer a guerra na Ucrânia. "Em vez de balas, precisamos de arsenais diplomáticos", disse.

Em 'portunhol', como referiu, o secretário-geral das Nações Unidas agradeceu o prémio europeu Carlos V, que lhe foi atribuído pelas mãos do rei Felipe VI, esta terça-feira, em Espanha.

António Guterres disse estar "sinceramente emocionado", referindo que é uma "honra" receber esta distinção.

Recordando o legado de Carlos V, o secretário-geral da ONU lamentou que "a guerra não é coisa do passado".

"Nunca, desde a criação da ONU e da União Europeia", os valores europeus foram "tão ameaçados", disse, numa referência à guerra na Ucrânia.

"Devemos levantar a voz e reafirmar esses valores. E, sobretudo, precisamos de paz", disse na cerimónia realizada em Cuacos de Yuste.

"A paz nunca se deve subestimar nem dar-se por garantida. Temos de trabalhar por e para ela, todos os dias, sem descanso. Num mundo que se está a despedaçar, devemos sanar as divisões, prevenir as escaladas, ouvir as queixas", defendeu.

A invasão russa da Ucrânia "viola a carta das Nações Unidas e o direito internacional", destacou, sublinhando que "a luta pela paz é o nosso objetivo".

"Em vez de balas, precisamos de arsenais diplomáticos", destacou. "Devemos inventar tudo para resolver pacificamente os nossos desencontros", acrescentou.

Falou também na guerra contra as alterações climáticas e na necessidade da paz entre os homens e a natureza.

"Os princípios democráticos e o estado de direito estão a ser atacados com demasiada frequência. O discurso de ódio, a polarização, o racismo e a xenofobia propagam-se à velocidade de um clique".

Afirmou que a pandemia ajudou a expor as fragilidades do mundo, dizendo que "muitas injustiças estão a aumentar".

Guterres referiu ainda a importância de construir um "contrato social que permita aos jovens viver com dignidade", em que as mulheres tenham as mesma oportunidades que os homens e que proteja os vulneráveis e todas as minorias. "Não há justiça sem igualdade", notou.

"Só uma Europa unida pode enfrentar os enormes desafios do presente e do futuro", afirmou.

"Neste dia de Europa reafirmemos os ideais de paz, justiça e cooperação internacional e, juntos, defendemos sem descanso a dignidade e os direitos humanos, o diálogo e o respeito mútuo", sublinhou António Guterres.

Marcelo: "Ele era o melhor de todos nós"

Seguiu-se a intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dizendo que Guterres "é o melhor da sua geração".

"Destaco com emoção a homenagem a um grande compatriota, o meu e nosso António Guterres", disse, sem esquecer que o prémio Carlos V já foi atribuído a outros dois portugueses: o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, e o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Falando na ligação pessoal com Guterres, o chefe de Estado disse: "Não tínhamos sequer 20 anos, ele era o melhor de todos nós".

"Era o melhor na força do caráter, no vigor da personalidade, na capacidade de sonhar, de liderar, de mobilizar", recordou. "Ele era o melhor na agudeza da inteligência, na excelência da carreira académica, no brilho da oratória, na ilimitada extensão do conhecimento, no cuidado com o pormenor, na perceção dos factos, das situações das pessoas. Era o melhor da humanidade", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa.

Partilhando "anos únicos" com António Guterres, o chefe de Estado recordou que era "imparável na defesa dos seus ideais, de horizontes universais, na luta pela Europa, porque para ele Portugal era Europa e Universo"

"O António Guterres de 1970 era único e singular", enalteceu Marcelo, destacando o "europeísta", o "defensor do multilateralismo, dos direitos humanos, da paz, da firmeza nos valores, mas também da tolerância e do diálogo entre pessoas e povos".

Marcelo Rebelo de Sousa, que alternou o seu discurso entre o espanhol e o português, destacou o papel de Guterres na defesa dos refugiados, referindo-se também ao conflito na Ucrânia. "Uma guerra ilegal, injusta, imoral, intolerável".

No Dia da Europa, António Guterres "merece o prémio Carlos V", disse Marcelo Rebelo de Sousa, agradecendo ao secretário-geral das Nações Unidas o papel que tem tido pela luta contra as desigualdades no mundo. "Muito obrigado, António Guterres, desde sempre para sempre".

Com 74 anos, o líder da ONU desde 2017, recebeu o prémio europeu Carlos V, atribuído pela Fundação da Academia Europeia e Ibero-americana de Yuste numa cerimónia presidida pelo rei Felipe VI.

Para o júri do prémio, o secretário-geral das Nações Unidas e ex-primeiro-ministro português tem sido "uma figura fundamental para enfrentar um período de mudanças sem precedentes e com terríveis consequências para a Europa e para o mundo".

O prémio europeu Carlos V reconhece o trabalho de "pessoas, organizações, projetos ou iniciativas que contribuíram para o conhecimento geral e o engrandecimento dos valores culturais, sociais, científicos e históricos da Europa, assim como para o processo de construção e integração europeia".

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Guterres, assistem à cerimónia, no Mosteiro de Yuste, Cáceres.

 

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