Dia da Vitória. Putin compara conflito na Ucrânia à 2.ª Guerra e acusa NATO de tentar invadir “territórios históricos” russos
13-05-2022 - Adriana Peixoto
Sem anúncios especiais ou grandes surpresas, o discurso de Putin no Dia da Vitória não trouxe nada de novo, com o líder russo a culpar o Ocidente pela guerra e a falar na necessidade de combater os nazis ucranianos.
No seu aguardado discurso no 77.º Dia da Vitória — um feriado russo que assinala a rendição da Alemanha na 2.ª Guerra Mundial e costuma ser marcado por grandes celebrações e paradas militares — Vladimir Putin não fez nenhum anúncio sobre o avanço das tropas, depois de nas últimas semanas se ter especulado que poderia anunciar o fim da guerra.
Falando perante 10 mil soldados na Praça Vermelha, Putin fez uma declaração no mesmo tom das suas anteriores, justificando a necessidade de avançar com a “operação militar especial” na Ucrânia, que considera ter sido uma decisão que foi “forçado” a fazer porque o Ocidente o deixou “sem opção”.
Apesar dos “desacordos” no plano internacional, a Rússia “sempre defendeu a criação de um sistema de segurança igual e indivisível, um sistema que é vital para toda a comunidade internacional”. Putin refere que foi neste sentido que Moscovo se sentou à mesa das negociações em Dezembro, mas o diálogo foi “em vão”.
“Os países da NATO não nos quiseram ouvir. Eles tinham planos diferentes, e nós vimos isso. Estavam a planear uma invasão aos nossos territórios históricos, incluindo a Crimeia. A Rússia deu uma uma resposta preventiva à agressão, foi uma decisão forçada, oportuna e a única correcta. O perigo crescia a cada dia”, declarou.
O Presidente russo falou mesmo de uma ameaça nuclear do Ocidente. “Em Kiev estavam a dizer que poderiam obter armas nucleares e a NATO começou a expandir-se para perto de nós e tornou-se uma ameaça óbvia para o nosso país e as nossas fronteiras. Tudo indicava que havia uma necessidade de lutar”, referiu.
Putin foi parco em ameaças de escalada do conflito e não se referiu à possibilidade do uso de armas nucleares — mas o líder russo também não deu sinais de cedência ou de um possível travão na guerra.
Outro aspecto notório é a ausência de referências a vitórias russas que já tenham sido conseguidas no terreno, com Putin apenas a manifestar o seu apoio às tropas que estão a avançar no Donbass.
Como seria de esperar num dia que assinala a vitória dos soviéticos sobre os nazis, o chefe de Estado também traçou um paralelo entre a 2.ª Guerra e o conflito actual, que considera uma continuação da batalha começada em 1939, voltando a falar na necessidade de “desnazificar” a Ucrânia.
“Tudo indicava que era inevitável um confronto com os neo-nazis apoiados pelos Estados Unidos e pelos seus parceiros. Agora dirijo-me às nossas tropas e milícias em Donbass: vocês estão a lutar pela pátria, pelo seu futuro e para que ninguém esqueça as lições da 2.ª Guerra Mundial. O Dia da Vitória está próximo dos nossos corações”, afirmou.
Houve ainda espaço para mais farpas para Washington. “Os Estados Unidos, especialmente depois do colapso da União Soviética, começaram a falar da sua exclusividade, rebaixando todo o mundo, que tem de fingir que não vê nada e obedientemente engolir tudo. Mas somos um país diferente. A Rússia tem um carácter diferente”, declarou.
Apesar disto, o líder russo deixou ainda uma palavra de homenagem a todos os soldados que lutaram juntos nas forças aliadas, incluindo os americanos, britânicos e os franceses: “Estamos orgulhosos dos vossos feitos, da vossa contribuição para a vitória comum”.
Fonte: Zap
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