Marinho e Pinto apresenta novo partido. Um 25 de Abril "sem chaimites"
10-10-2010 - Sabel Paulo
Partido Democrático Republicano foi apresentado este domingo em Coimbra, em clima de euforia. Fundador Marinho e Pinto propõe romper com o regabofe partidário, espartilhado por gulosas clientelas.
Aos 64 anos, António Marinho e Pinto, ex-bastonário da Ordem dos advogados e deputado europeu, não defraudou as cerca de 300 pessoas que esta tarde assistiram ao lançamento do partido de que é fundador: o Partido Democrático Republicano.
No dia da República, numa empolgante intervenção de quase uma hora, Marinho e Pinto atacou em todas as frentes, dos partidos políticos, aos deputados, governantes da nação e comunicação social.
Na Casa da Cultura em Coimbra, o fundador do PDR, que fez questão pessoalmente todos os presentes à chegada, começou por confessar sentir-se pouco à vontade "com vedetismos", salientando que o PDR "é um partido do povo que quer mudar o país".
"Não é o partido de uma pessoa ou de um grupo", afirmou, referindo sentir-se tentado até a alterar-lhe o nome para Partido Democrático Republicano e Popular, dada a sua base de apoiantes cruzar "todos estratos sociais", que se propõem mudar o atual sistema partidário.
Defensor de um novo projeto político, Marinho e Pinto prometeu lutar pelo aprofundamento da democracia participativa, a nível político, económico e social, a única via para inverter "o suicídio do país".
Entre as mudanças anunciadas, o deputado europeu propõe-se criar um partido de serviço público e por cobro ao "regabofe" que mina as atuais estruturas partidárias. "Queremos por termo ao monopólio dos partidos, fechados sobre si próprios, e que de forma execrável se têm colocado ao serviço dos seus agentes e das suas clientelas".
"Beneficiam as suas castas e não o bem comum", sublinha o deputado europeu, que avisa que esta semana irá publicar no site do novo partido todos os seus seus vencimentos do Parlamento Europeu: "Vou fazer o striptease que outros se recusam a fazer. Não tenho nada a esconder em relação ao chorudo salário que me pagam", acrescenta.
Marinho e Pinto afiança ainda que ninguém da sua família exercerá funções no aparelho de Estado, mesmo sob pena de poder vir a ser prejudicada, um princípio que advoga pelo facto de a república não ser uma monarquia. "Este novo partido será um novo 25 de Abril sem chaimites", atirou, advertindo que o voto é a arma mais poderosa dos eleitores, um direito e um dever que ver exercido para que não se repita a "vergonha" das últimas legislativas e eleições europeias.
Caso venha a ter responsabilidades políticas, Marinho e Pinto deixou ainda outro aviso em Coimbra: "tal como as nacionalizações não foram irreversíveis, as privatizações também não o serão".
Regular com coragem o sector financeiro português e acabar com a promiscuidade entre supervisores e supervisionados foi outra das críticas lançadas pelo ex-bastonário da Ordem dos Advogados, que diz que os casos do PBN ou BES são um escândalo de que se devem "envergonhar os governantes do Banco de Portugal".
Num discurso carregado de diretas e indiretas, o ex-jornalista não poupou ainda a comunicação, advertindo os apoiantes do PDR: "Não acreditem naquilo que dizem que eu disse mas no que ouvirem dizer".
Liberdade, justiça e solidariedade são os três mandamentos do PDR, que terá por símbolo três estrelas e uma declaração de princípios assente em pontos base. A recolha das 7500 assinaturas exigidas à constituição do novo partido irá decorrer até 8 de novembro, altura em que o PRD será submetido ao Tribunal Constitucional.
Fonte: Expresso.pt
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