Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 12 de Setembro de 2025  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Moedas será comissário europeu da Ciência

12-09-2014 - Esquerda.net

Não se lhe conhece uma ideia sobre investigação científica. Mas o governo que representa destacou-se pela devastação provocada no Ensino Superior e na Investigação científica em Portugal. É com esse currículo que o ex-secretário de Estado da Troika assume o novo cargo europeu.

Carlos Moedas será o comissário europeu da Investigação, Inovação e Ciência, não se confirmando as previsões que o davam como titular do Emprego e Assuntos Sociais. As primeiras notícias sobre o cargo do comissário português destacam que Moedas terá para gerir um orçamento de 80 mil milhões de euros (um valor superior ao PIB do Equador) devido ao programa Horizonte 2020.

Engenheiro civil de formação, com trajetória ligada à Banca (Goldman Sachs) e ao imobiliário, Moedas foi o responsável do governo de Passos Coelho para fazer a interlocução com a Troika. Imperturbável, defendeu fielmente toda a política austeritária e chegou a secretário de Estado adjunto do Primeiro-ministro, com lugar no Conselho de Ministros.

Não se lhe conhece uma ideia sobre Ciência. Mas o governo que representa tem uma posição de destaque nesta área em termos europeus. Um destaque pela negativa.

Investigação científica devastada

Em dois anos, o governo de Portugal reduziu em mais de 380 milhões de euros as transferências para as instituições de Ensino Superior,   levando o investimento público no sector, em 2012, para menos de 0,3% do PIB.

A devastação provocada na investigação científica deixará marcas por décadas. Em 2011 houve um corte de 14% no Orçamento do Estado para a FCT e de 30% para as universidades. No último OE, a FCT sofreu um corte de 12 milhões de euros, passando o seu orçamento total para 404 milhões de euros (de 2012 para 2013, a FCT já tinha perdido 53 milhões de euros).

A percentagem do PIB atribuída a despesas em Investigação e Desenvolvimento apresentou em 2012 um valor equivalente ao de 2008 (dados PORDATA).

É com este currículo que Carlos Moedas assume a responsabilidade por desenvolver a investigação, a inovação e a ciência europeias.

Carlos Moedas: da Goldman Sachs a comissário europeu

Carlos Moedas, atual secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, foi esta sexta-feira anunciado como o nome escolhido por Pedro Passos Coelho para representar Portugal na Comissão Europeia, integrando a equipa de Jean Claude Juncker. Bloco diz que Moedas foi "descaradamente recompensado pelo trabalho que fez na implementação da austeridade em Portugal".

Há três anos a ocupar o cargo de secretário de Estado da troika, Carlos Moedas foi um dos protagonistas nas negociações com os representantes do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.

Em vésperas de completar 44 anos, a 10 de agosto, Carlos Moedas nasceu em Beja e licenciou-se em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico em 1993, fez o último ano do curso na École Nationale des Ponts et Chaussées de Paris e trabalhou até 1998 na área de engenharia para o grupo Suez Lyonnaise des Eaux, em França.

No seu percurso profissional, o novo comissário europeu integrou a equipa do banco de investimento Goldman Sachs - na mesma altura em que António Borges trabalhou na instituição -, na área de fusões e aquisições, e foi gestor de projetos para o grupo Suez, em França, entre 1993 e 1998.

Trabalhou no Eurohypo Investment Bank e dirigiu a consultora imobiliária Aguirre Newman quando regressou a Portugal, em agosto de 2004, onde foi administrador delegado até novembro de 2008, altura em que criou a empresa de gestão de investimentos Crimson Investment Management.

Coordenador do setor económico do Gabinete de Estudos do PSD, Carlos Moedas foi cabeça de lista por Beja nas últimas legislativas, tendo sido eleito, passando o PSD a ter um deputado por aquele distrito pela primeira vez desde 1995.

Carlos Moedas fez parte da equipa social-democrata que negociou a aprovação do Orçamento do Estado para 2011, ao lado de Eduardo Catroga.

Bloco acusa Moedas de ser "o homem de mão dos interesses financeiros e económicos"

“Moedas foi descaradamente recompensado pelo trabalho que fez na implementação da austeridade em Portugal. Era o representante, o senhor troika em Portugal”, disse a deputada do Bloco Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

Para a deputada, Carlos Moedas é “o homem de mão dos interesses financeiros e económicos e da elite económica financeira”, tendo esta escolha sido feita pelo presidente da Comissão Europeia, “homem aliado com a austeridade e a direita”.

O nome também terá passado pela chanceler alemã Angela Merkel, “que domina grande parte das instituições europeias” e por pedro Passos Coelho, “aliado com as políticas de austeridade que têm vindo a destruir o país”, acusou.

Para a deputada, a escolha seria sempre “uma continuidade da austeridade”, relembrando que a presença de Carlos Moedas em Bruxelas não trará “nada de bom ou de diferente” para Portugal, já que este irá seguir a política de austeridade que “destruiu o país”.

“Esta escolha reforça um pouco a nossa desilusão em relação à União Europeia. Cada vez temos mais certeza que podemos esperar menos de uma UE que, cada vez mais, caminha na direção destes interesses e se afasta do povo europeu”, sublinhou.

Esquerda.net

 

Voltar 


Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome