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Acordo EUA-Coreia do Norte: como está indo?

07-09-2018 - South Front

Apesar de todas as narrativas da mídia de massa de que a Coreia do Norte não está realizando nenhuma de suas tarefas dentro do acordo, esse pode não ser exatamente o caso.

O acordo de desnuclearização da Coreia do Norte parece estar empacado, na situação que se pode ver neste 28 de agosto, com pouco progresso dos dois lados, depois de declarações tanto dos EUA quanto da Coreia do Norte.

Na manhã de 28 de agosto, na conferência de segurança nacional, autoridades do governo Trump emitiram mensagens conflituosas sobre o comprometimento da Coreia do Norte quanto a realizar a desnuclearização e tiveram dificuldades para explicar a decisão abrupta do presidente, ocorrida na sexta-feira, de cancelar uma viagem planejada a Pyongyang nesta semana de seu principal diplomata, o Secretário de Estado Mike Pompeo.

Na mesma conferência, a embaixadora de Trump nas Nações Unidas, Nikki Haley, sugeriu que o regime norte-coreano pode estar mudando de opinião quanto a sua promessa de desistir de seu arsenal nuclear. Apesar disso, Haley declarou que os EUA estavam fazendo progresso em sua pressão diplomática para forçar a Coreia do Norte a se desnuclearizar.

“Vejam, eles estão desejando ou talvez mudando de ideia sobre a desnuclearização? É possível”, disse Haley. “Esse vai ser um processo difícil, mas ainda assim está caminhando na direção certa.”

Na tarde do mesmo dia, a porta-voz do Departamento de Estado Heather Nauert também declarou que “está ocorrendo progresso” quanto à desnuclearização, apesar dela repetir as reclamações feitas no Twitter em 24 de agosto pelo presidente Donald Trump de que o regime norte-coreano parecia estar em atitude de protelação.

Em 24 de agosto, Trump anunciou pelo Twitter que estava cancelando os planos de Pompeo de viajar à Coreia do Norte “porque sinto que não estamos fazendo progresso o suficiente em relação à desnuclearização da península coreana.” O anúncio do presidente dos EUA veio um dia depois do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ter anunciado que planejava visitar a Coreia do Norte, depois de um anúncio da escolha de um negociador do Departamento de Estado, Stephen Biegun, para liderar as conversas.

A visita de Pompeo tinha a meta de pressionar ainda mais a Coreia do Norte, depois da reunião entre Trump e Kim Jong-Un em 12 de junho, durante a qual eles assinaram um acordo no qual a Coreia do Norte se comprometia a trabalhar para uma “completa desnuclearização da península coreana.” Os EUA, por sua vez, teriam que parar todos os exercícios de treinamento militar na Coreia do Sul, assim como em algum momento acabar com as sanções contra o país de Kim. Apesar da viagem ter sido cancelada, Pompeo declarou que continuava comprometido com a pressão diplomática: “Apesar da decisão de adiar minha viagem a Pyongyang, os EUA estarão prontos para agir quando ficar claro que o líder Kim está pronto para cumprir os compromissos que fez em Singapura”, disse o Secretário de Estado. “Os EUA, assim como o resto do mundo, estão esperando pelo comprometimento da Coreia do Norte” quanto à desnuclearização.

A Sputnik citou o Washington Report, que em 27 de agosto reportou que a visita de Pompeo tinha sido teoricamente cancelada por causa de uma carta enviada por autoridades de alto escalão norte-coreanas, que indicavam sua desconfiança quanto ao sucesso de conversas futuras. O Washington Post citou duas autoridades do governo dos EUA anônimas, que declararam que Pompeo recebeu uma carta de Kim Yong Chol, vice-líder do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, partido que governa a Coreia do Norte.

A Sputnik também reportou que a carta teoricamente avisava que conversas entre os dois países sobre a desnuclearização estavam “novamente em risco e poderiam desmoronar”, e que o processo não estava continuando a progredir, de acordo com o relato da CNN de 28 de agosto, que citou pessoas anônimas que têm familiaridade com o assunto.

A posição do governo norte-coreano em relação ao cancelamento foi expressa no jornal estatal Rodong Sinmun. Ele acusou os EUA de fazer “jogo duplo” e “criar uma conspiração criminosa” contra Pyongyang, de acordo com a Sputnik. O jornal também alegou que o Japão e os EUA estavam realizando um exercício militar, ensaiando um ataque contra a capital norte-coreana. “Tais atos provam que os EUA estão criando uma conspiração criminosa para fazer guerra contra a República Popular Democrática da Coreia e cometer um crime que merece punição divina sem misericórdia caso os EUA primeiramente fracassem no cenário da desnuclearização injusta e criminosa da República Popular Democrática da Coreia”, afirmou o jornal.

O governo norte-coreano fez pouco progresso desde o acordo, como reportado pelo USA Today. Entretanto, a Sputnik citou a Dra. Christine Hong, professora associada de estudos de raça e étnicos críticos na UC Santa Cruz e membro do Instituto de Política Coreana, que alega que a Coreia do Norte na verdade tomou medidas sérias. Ela afirmou que até o momento a Coreia do Norte “não só limitou seus testes nucleares por cerca de 200 dias, mas basicamente suspendeu-os, e isso é muito relevante. Foram desmantelados locais de teste nuclear. A outra coisa que fez foi soltar três coreanos-estadunidenses que estavam presos na Coreia do Norte por cometer atos contra o Estado. E além disso recentemente devolveu os restos mortais para repatriação dos 55 militares estadunidenses que foram mortos durante o período de ‘combates quentes’ da Guerra da Coreia. O que os EUA fizeram foi suspender um exercício de guerra. E, portanto, se estiver-se olhando a balança, não é de fato o caso de que seja a Coreia do Norte quem não esteja realizando sua parte do acordo; são na verdade os EUA.”

Hong também afirmou que os EUA estão dando passos para trás em relação ao assunto da Coreia do Norte. “O que estamos testemunhando agora é um retorno à política usual dos EUA. Bem longe de ser um espectador de um processo de paz intercoreano, o governo Trump, como revela sua avaliação deformada do pedido da Coreia do Norte de uma resolução pacífica da Guerra da Coreia como sendo ‘beligerante’, está desempenhando um papel obstrucionista, durante um período de reaproximação histórica intercoreana”, disse ela.

A Coreia do Norte pediu o aliviamento de algumas sanções, já que deseja que Washington faça algumas concessões, mas seus pedidos aparentemente foram todos rejeitados.

Além disso, Trump parece alocar à China a responsabilidade pela demora na desnuclearização. Trump tem considerado o presidente chinês Xi Jinping como um fator chave para pressionar-se o líder da Coreia do Norte Kim Jong Um no sentido de cooperar com as metas políticas dos EUA, segundo reportou a Sputnik em 24 de agosto.

Em 25 de agosto, a China respondeu às acusações de Trump, condenando seus comentários. “As alegações feitas pelos EUA contradizem os fatos; elas são irresponsáveis. Expressamos uma profunda preocupação com este assunto e já fizemos uma proposta para o lado dos EUA”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês Lu Kang.

Anteriormente neste mês, a Sputnik reportou que Trump similarmente criticou Pequim, supostamente dizendo que “a China pode estar colocando-se em nosso caminho” em relação à Coreia do Norte.

Em resposta, em 1º de agosto, o porta-voz do Ministério de Exterior chinês Geng Shuang disse o seguinte: “A posição da China sobre a resolução da situação na península coreana é bem conhecida por todos, e desde o início fizemos esforços significativos para avançar na resolução do problema na península coreana, sendo nossos esforços reconhecidos pela comunidade internacional.”

Apesar de todas as narrativas da mídia de massa de que a Coreia do Norte não está realizando nenhuma de suas tarefas dentro do acordo, esse pode não ser exatamente o caso, e parece que os EUA são quem está fracassando em realizar sua parte do acordo.

*Publicado originalmente em South Front

 

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