Macron e a estratégia de política estrangeira da França
31-08-2018 - João Matos
O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, traçou na segunda-feira, no Eliseu, a sua política estrangeira, na conferência anual dos embaixadores da França no mundo. Macron, defendeu uma Europa forte, frente aos Estados Unidos e a China e mostrou-se agastado com a permanência no poder, na Síria, de Bashar al-Assad.
O presidente francês, Emmanuel Macron, apelou na segunda-feira, no Eliseu, (27) durante a conferência anual dos embaixadores francês nas diferentes partes do mundo a um "redobrar de esforços" para construir uma Europa forte e autónoma, capaz de competir com Washington e Pequim.
"Os extremos avançam e os nacionalismos acordam. É razão para abandonar? Certamente que não. Na realidade temos que redobrar de esforços", declarou o presidente da França, perante os seus embaixadores nas capitais do mundo.
7 meses antes das eleições europeias, o presidente Macron, enfrenta uma vaga nacionalista, da Itália à Hungria, que enfraquece a sua ambição de refundar a União europeia.
Partiu, aliás, à ofensiva, para uma visita de 3 dias, à Dinamarca e Finlândia, para propor novas iniciativas que dotem a Europa de uma defesa autónoma pois "ela não pode mais entregar a sua segurança aos Estados Unidos".
"Compete-nos, a nós, garantir a segurança europeia, disse o presidente francês, para acrescentar ser favorável a discussões com a Rússia.
"Não creio que a China e os Estados Unidos, pensem que a Europa tenha uma autonomia comparável à deles. Se não conseguirmos construir isso, estaremos a prepararmo-nos para dias monótonos", advertiu o presidente Macron.
Referindo-se aos conflitos destacou a grave situação na Síria, alertando os seus embaixadores, para a complicada continuação de Bashar al-Assad no poder, sublinhando no entanto competir ao povo sírio escolher os seus futuros governantes.
"Vejamos: Aqueles que gostariam, uma vez terminada a guerra contra Daesh, facilitar o que alguns chamam um regresso à normalidade: Bashar Al-Assad, permaneceria no poder, os refugiados, da Jordânia, do Líbano, de Turquia, regressariam às suas casas; e a Europa e os outros reconstituiriam.
"Se considero, desde o começo, que o nosso primeiro inimigo é Daesh, que nunca fiz da destituição de Bashar al-Assad, uma condição prévia à acção diplomática e humanitária, penso que um tal cenário, será um erro funesto."
"Quem provocou os milhões de refugiados? Quem massacrou o seu próprio povo? Não cabe à França designar os futuros dirigentes da Síria, tão pouco a um outro país."
"Mas, é nosso dever e nosso interesse, garantirmos que o povo sírio venha a estar em situação de o fazer".
Palavras do Presidente da França, Emmanuel Macron.
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