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Crise na Península da Coreia e os Papeis Invertidos

20-10-2017 - Edu Montesanti

When the people fear the government, there is tyranny.
When governments fear the people, there is liberty – Thomas Jefferson

Na quarta-feira (4), o “inconsequente” presidente russo Vladimir Putin disse que através do discurso baseado na força contra o “louco” líder norte-corano Kim Jong-Un, a situação apenas tende a piorar, cujo recado foi claramente enviado ao “equilibrado” presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A grande mídia, portadora de sabedoria sobre-humana, não precisa utilizar-se da história para colocar os fatos em contexto a fim de tentar compreender o que o “novo Hitler” russo quis dizer. Deste trabalho de importunar os preguiçosos intelectuais, meios de comunicação “livres” como Rede Globo, Folha de S. Paulo etc. se abstêm, é claro.

Até 2002, quando o “democrata” George Bush, que marcou a história pela “sinceridade”, colocou sem nenhuma razão a Coreia do Norte no “Eixo do Mal” ao lado do Iraque que não possuía bombas de destruição em massa conforme os portadores da última palavra em “democracia” juravam, os norte-coreanos haviam-se comprometido a abandonar o desenvolvimento de armas nucleares.

Voltando um pouco mais na história (está arrependido, leitor, por deixar meios como Rede Globo onde você é pensado o tempo inteirinho, que reza em que você deve acreditar, e se juntar a nós onde você é convidado a pensar?), os mesmos “pacifistas” Estados Unidos, único país na história a lançar bombas atômicas sobre centenas de milhares de inocentes, destruiu completamente as 78 cidades e milhares de povoados da Coreia do Norte (que também pode ser denominada de “Missão Evangélica” de Tio Sam em nome da democracia, da liberdade e da pregação da palavra de Deus, exatamente com tem-se dado, historicamente, na América Latina) entre 1950-1953, matando entre três e quatro milhões de pessoas (o que significa cerca de um terço do total de sua população à época).

O general norte-americano que combateu na Coreia, Curtis Emerson LeMay, observou: “Durante um período de cerca de três ano, matamos vinte por cento da população”. A própria revista norte-americana Newsweek, bem conhecida por suas posições pró-imperialistas, reconheceu em abril deste ano os crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos contra o povo coreano no início da década de 1950: na reportagem intitulada What War with North Korea Looked Like in the 1950s and Why It Matters Now, o historiador e escritor estadunidense Bruce Cumings afirmou que “A maioria dos norte-americanos desconhece completamente que destruímos mais cidades no Norte do que fizemos no Japão ou na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial… Todos os norte-coreanos sabem disso. Nós nunca ouvimos falar disso”.

Desde então, os “missionários pela paz” estadunidenses realizam a cada ano exercícios militares na fronteira da Coreia do Sul com o Norte, onde estão instaladas bases militares do Estado norte-americano que, para o ano fiscal de 2018, aprovou gastos militares que superam os 700 bilhões de dólares, “contra a sua vontade” enriquecendo a indústria bélica em detrimento de investimentos em educação, saúde etc. Da mesma maneira que, “contra a sua vontade” mas apenas imbuído do fervor evangélico-democrático, espalha cada vez mais bases militares mundo afora, atualmente chegando à cifra de 800 (oitocentas!) nos quatro cantos do planeta.

Enquanto isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) adverte a “nação democrática modelo” por não possuir sistema público de saúde universal. Ao passo que segundo a Unesco, na “ditadura” de Jong-un que tanto “oprime” seu povo, a educação pública é universal e totalmente financiada pelo Estado. “A educação na Coreia do Norte é gratuita, obrigatória e universal por 11 anos, de 4 a 15 anos, nas escolas públicas. A taxa nacional de alfabetização para cidadãos de 15 anos e mais é de 99% “, informou  Library of Congress, Federal Research Division  em julho de 2007.

Em julho de 2010, a OMS constatou que cerca de 99% da população na Coreia do Norte tinha acesso ao saneamento, e 100% tinham acesso à água. De acordo com a diretora-geral da Organização, Margaret Chan, naquele país em 2010 “não faltava médicos e enfermeiros”, ressaltando ainda que o “sistema de saúde local é de causar inveja no mundo em desenvolvimento”.

Se você foi capaz de notar algum equívoco na aplicação dos adjetivos deste texto, o raciocínio óbvio o levará a constar que também existe uma aberração no conceito ocidental de democracia… tanto quanto em se permitir ter a mentalidade pautada pela grande mídia de embaralhamento do entendimento coletivo, escravizante psicológica, desconstrutora social da realidade por excelência!

E o que Putin, que vem dando lições mundiais em diplomacia, consequentemente nas tentativas do impiedoso regime de Washington de terminar de arrasar o mundo em nome dos seus interesses económicos mesquinhos, é que a Coreia do Norte, por mais que detestemos armas (excetuando deste grupo o próprio Trump e seus aberrantes discípulos mundo afora colonizadores das mentes, Bolsonaro e outras afrontas à inteligência humana que condenam nos outros o que pleiteiam para si, na psicologia considerada psicopatologia, ou mais popularmente imbecilidade), possui o direito sagrado e inalienável à auto-defesa.

A atual situação trágica de nações como Iraque e Líbia que se desarmaram obedientemente segundo os ditames de Washington, ilustram perfeitamente o que Putin quer dizer que, pela força da retórica, Pyongyang não será vencida, pelo contrário, fortalecerá ainda mais seu poderio militar.

Edu Montesanti

Fonte: Pravda.ru

 

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