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Lula na ONU. "Falta vontade política para combater desigualdade e fome"

22-09-2023 - João Almeida Moreira em São Paulo

De volta, após 14 anos, à abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, presidente do Brasil aponta dedo a países ricos sobre crise climática e a "aventureiros de extrema direita"

Lula da Silva abriu a Assembleia Geral da ONU a falar de desigualdade e fome. O presidente do Brasil, de volta ao local 14 anos depois da última vez e 20 anos após a primeira, falou ainda de crise climática, do advento da extrema-direita e do Conselho de Segurança da instituição.

"A fome, tema central do meu discurso neste Parlamento Mundial há 20 anos, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã".

"Mas volto para dizer, como disse em 2003, que mantenho a minha inabalável confiança na humanidade. Naquela época, o mundo ainda não se havia dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói as nossas casas, as nossas cidades, os nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos aos nossos irmãos, sobretudo os mais pobres".

"Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas", continuou Lula. "Os países ricos cresceram baseados num modelo com alta taxa de emissão de gases danosos ao clima, a emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implantação do que já foi acordado".

"Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo", reforçou.

"No Brasil, estamos comprometidos a implementar todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de maneira integrada e indivisível. Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um 18º objetivo, que adotaremos voluntariamente", prometeu.

A concluir a parte do discurso sobre o clima, disse que o Brasil diminuiu o desmatamento em 48% este ano. "Muita gente fala da Amazónia, agora a Amazónia fala por si própria".

Na política, Lula criticou "os aventureiros da extrema direita". "No meio dos escombros do neoliberalismo surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas (...) Precisamos resgatar as melhores tradições humanistas que inspiraram a criação da ONU".

A ONU, entretanto, foi alvo de críticas: "O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente a sua credibilidade. A sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia".

A concluir, declarou que "o Brasil está de volta para dar sua contribuição ao enfrentamento dos principais problemas globais".

Por que o Brasil abre as assembleias?

Lula foi o primeiro a falar porque é tradição da ONU que o Brasil abra os discursos oficiais, logo depois do secretário-geral, no caso, António Guterres.

Oficialmente, não há um motivo formal para o privilégio. Oficiosamente, pensa-se que seja uma forma de prestar reconhecimento ao papel desempenhado pelo brasileiro Oswaldo Aranha, responsável por presidir à primeira Assembleia Geral da ONU, em 1947, e também à segunda assembleia ordinária, ocorrida no mesmo ano. Essas duas reuniões foram responsáveis por determinar a partilha da Palestina entre árabes e judeus, abrindo caminho para a criação do Estado de Israel.

Na comitiva de Lula estão a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e os chefes do legislativo brasileiro, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Fonte: DN.pt

 

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