Rendeiro fugiu da Europa para não cumprir pena. “É acto de legítima defesa contra uma justiça injusta”
01-10-2021 - Zap
João Rendeiro, ex-presidente do Banco Privado Português (BPP), condenado esta terça-feira a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada, fugiu para escapar à pena de prisão.
Num texto publicado, na terça-feira, no seu blog, João Rendeiro assume a fuga, explicando que no decurso dos processos em que foi acusado efetuou “várias deslocações ao estrangeiro, tendo comunicado sempre o facto aos processos respetivos”. “De todas as vezes regressei a Portugal. Desta feita não tenciono regressar ”, escreve.
Neste sentido, o ex-presidente do BPP diz sentir-se “injustiçado” e revela que irá tentar “que as instâncias internacionais avaliem o modo como tudo se passou em Portugal”.
“Recorrerei às instâncias internacionais. Lutarei pela minha liberdade para o poder fazer”, refere.
Escreve ainda que a sua “ausência é ato de legítima defesa contra uma justiça injusta”. “Assumo a responsabilidade no quadro dos atos bancários que pratiquei, mas não me sujeito, sem resistência, a esta violência”.
Inicialmente, a TVI avançou que João Rendeiro informou a justiça de que ia passar uns dias a Londres, este verão, mas entretanto já saiu de Inglaterra , de avião, para um país fora da Europa.
Na origem do julgamento está a queixa do embaixador jubilado Júlio Mascarenhas , que, em 2008, investiu 250 mil euros em obrigações do BPP, poucos meses antes de ser público que a instituição liderada por João Rendeiro estava perante uma situação financeira grave.
De acordo com o ECO , o arguido foi obrigado pelo tribunal a apresentar-se em Lisboa perante a juíza até sexta-feira, dia 1 de outubro, pelas 14h .
Se isso não acontecer, será emitido no imediato um mandado de detenção europeu e a sua medida de coação será alterada de Termo de Identidade e Residência para prisão preventiva.
O antigo banqueiro, que está condenado em três processos a penas de 10, 5 e 3 anos de prisão, vai assim fugir à justiça portuguesa e não se apresentará para cumprir qualquer pena.
Em causa, para já, a pena de 5 anos que transitou em julgado por crimes na gestão do BPP, em que foram lesados vários clientes. As outras ainda estão em fase de recurso, mas, quanto à pena de 10 anos de prisão, a juíza tencionava na próxima sexta-feira rever a medida de coação para prisão preventiva.
BPP avisou para o perigo de fuga
Num requerimento dirigido no dia 22 de setembro ao Tribunal da Relação de Lisboa, os advogados que representam o Banco Privado Português avisaram os juízes de que João Rendeiro poderia fugir e pediram um agravamento das medidas de coação aplicadas ao fundador do banco.
“Não se mostra possível, neste momento, excluir um concreto perigo de fuga no que tange ao Arguido João Rendeiro, tendo em vista furtar-se ao cumprimento (mais do que iminente) da pena em que foi condenado, com a qual nunca revelou conformar-se”, diz o documento a que o jornal Expresso teve acesso.
Fonte: Zap
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