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HISTÓRIAS – XVI

10-05-2019 - Henrique Pratas

Esta peripécia decorreu nos tempos em me sobrava e era permitido nos fins de semana deslocar-me para fora de Lisboa, tive uma fase em que adorava ir para o Alentejo na procura de sossego e descanso.

Numa dessas idas para o Alvito, onde me instalei de armas e bagagens, conheci as suas redondezas, que já se encontravam diferentes de há uns tempos atrás pois já existiam furtos e atos de vandalismo e as cautelas já tinham que ser mais redobrados, sinais da “evolução” dos tempos.

Demos umas voltas pelo Redondo e por outras povoações há procura de licor de poejo para trazermos para casa, mal sabia eu que a solução para este desejo estava no Alvito, eu não gosto muito de fazer perguntas, mas num os dias tirei-me da minha timidez, entrei numa taberna onde se encontravam vários homens sentados, nas diferentes mesas e perguntei a quem estava atrás do balcão se tinha licor de poejo para vender. A resposta não se fez esperar, não, não tenho, ainda lhe perguntei onde podia encontrar ao que me foi respondido que não sabia.

Entretanto um dos “assistentes” presentes no estabelecimento levanta-se dirige-se a mim e diz-me o senhor quer licor de poejo, respondi-lhe afirmativamente, então ele diz-me quer vir ali a minha casa, como estava com a minha mulher no carro fui atrás dele, quando entrei na sua casa foi o bom e o bonito, fez questão em me mostrar todas as espécies de licores que produziam, de poejo, de azeite, de tangerina e de mais outros tipos de produtos que se podia fazer licor.

Fez acompanhar estas provas com presunto, com queijo que fazia em casa e eu que me queria ver livre disto porque as provas já eram mais do que muitas e a continuar com o ritmo não sei se chegaria em condições devidas ao local onde estava a dormir.

Mais, contaram-me toda a sua vida pessoal e profissional, como não gosto de ser mal-educado, arranjei paciência e ouvi tudo com a devida atenção e não imaginam aquilo que as pessoas passam para sobreviver, tinham feito quase tudo para conseguirem viver condignamente e feitos os esforços que a maior parte dos pais fazem para dar um “futuro” aos filhos, completamente diferente do que aquele que tiveram.

Passámos horas nisto, conversando, provando os diferentes licores, picando o excelente queijo e presunto que me apresentaram e quando entendi que o tema estava esgotado se é que que há um tempo para esgotar temas, fomos ao concreto, a compra de duas garrafas de licor de poejo.

Depois deste tempo todo em vez de duas eles ofereceram-me três garrafas de poejo, perante a minha não-aceitação de oferta pois aminha intenção era comprá-las, recebi como proposta, estas oferecemos nós, para a próxima quando cá vier já sabe onde é a nossa casa, vai-nos prometer que nos vem cá visitar e na altura se quiser então sim nós vendemos-lhe as garrafas de licor de poejo que quiser, fui obrigado a aceitar esta proposta para a qual não ia preparado mas insisti até onde era razoável insistir, sem ser mal-educado, mas como conheço esta gente, há uma certa altura em que eles começam a considerar a não-aceitação como falta de educação e aí tive que me render a contragosto à oferta.

Só a bonomia desta gente portuguesa faz com que tenhamos os governos que temos tido ao longo dos diferentes anos.

Henrique Pratas

 

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