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Caracterização geral do Museu:
Exposição de longa duração Discurso expositivo

07-02-2014

A equipa de projecto tendo em conta os objectivos a que o Museu se propôs, entendeu organizar a exposição de longa duração segundo uma perspectiva cronológica e temática, reconstituindo através dos objectos expostos, a história de Almeirim, incluindo aspectos culturais, económicos e sociais.

A exposição de longa duração do Museu Municipal de Almeirim ocupa uma área aberta com cerca de 100 m 2 (open-space), integrando uma selecção de objectos que se completaram com alguns mapas, fotografias e reproduções de antigos documentos do acervo.

Na recepção do Museucolocou-se uma cronologia[1] que refere, para além de datas históricas importantes para o concelho, datas importantes no domínio da vida cultural da cidade e um mapa ilustrado com os locais de interesse do Concelho, datado de 1952 que assinala, nomeadamente, sítios arqueológicos, património histórico edificado, fábricas, quintas e as principais produções agrícolas e animais.

Estão expostos cerca de 100 objectos do total do acervo. O percurso inicia-se com o enquadramento geográfico do concelho, através de um mapa, que coloca em evidência a sua localização relativamente ao rio Tejo. Neste quadro de referências foram colocados na parede conceitos chave relacionados com as vantagens que a proximidade a uma via fluvial oferece, neste caso o rio Tejo, conceitos como “navegabilidade”, “energia hidráulica”, “moinhos” “irrigação”, são referidos.

Segue-se então uma vitrina em que se expõem objectos líticos, nomeadamente bifaces e machados, como uma referência à presença humana pré-histórica no Concelho.

A narrativa expositiva segue então para o domínio romano na Península Ibérica, através de um mapa dos percursos romanos, reforçada pela exposição da ânfora romana já referenciada.

A exposição desenrola-se com uma referência à presença árabe, através da colocação mural de seis exemplares azulejares com motivos hispano-árabes, que ornamentaram a antiga capela do Paço dos Negros, existente numa das freguesias do Concelho.

A temática de Almeirim como centro político, social e económico do país durante os séculos XV e XVI é testemunhada através de uma pedra tumular, pertencente a um pajem de D. João III, sepultado no extinto convento de Nossa Senhora da Serra a propósito do qual também está exposta uma pia, como prova dessa pré-existência.

Sobre Almeirim, Vila Realenga, expuseram-se elementos arquitectónicos provenientes do Paço Real de Almeirim que são precedidas de uma referência à vida cultural da vila, enquanto se encontrava sob presença Real, com uma reprodução de uma frase de Gil Vicente, importante personagem do teatro português que ali estreou muitos dos seus autos; a referência ao Cancioneiro Geral surge no contexto da importância do antigo palácio, em cuja tipografia ocorreu a impressão desta obra da literatura portuguesa.

A partir daqui dá-se particular destaque à agricultura, onde se mostram fotografias e gravuras alusivas, que contextualizam os objectos relacionados com a referida temática, nomeadamente máquinas, utensílios e alfaias agrícolas. A exposição tem ainda a particularidade de exibir objectos ligados à produção de vinho, actividade de grande relevo no contexto económico e cultural do Concelho, demostrada através de uma vitrina com algumas garrafas, cujos rótulos aludem ao Museu Etnográfico da Casa do Povo de Almeirim.

O organismo fundador do Museu Etnográfico da Casa do Povo de Almeirim está referenciado através de uma reprodução de um cartaz, bastante elucidativo do que foi a assistência social prestada pelas Casas do Povo.

Um núcleo dedicado aos brinquedos foi também contemplado, pela colocação numa vitrina de diversos exemplares, feitos à mão.

De forma autónoma, conceberam-se outros três núcleos, atendendo a uma perspectiva temática. Um referente à Religião/Culto com objectos de uso quotidiano como registos, missais e imagens religiosas; outro alusivo ao Comércio, com alguns espécimes numismáticos, desde a antiguidade até ao século XX, evocando novamente presença romana e árabe no Concelho; e um terceiro dedicado ao Traje, dando particular destaque à tauromaquia, actividade com bastante tradição neste contexto regional, com a exposição de uma casaca de toureiro e de um traje de forcado, juntamente com o cartaz da corrida inaugural da Praça de Toiros de Almeirim.

No final do percurso, a representatividade ao nível do traje continua, traduzindo-se na reprodução de diversas fotografias do acervo, nomeadamente do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Almeirim, da Banda Marcial, e de fotografias encenadas, que retratam de alguma forma a sociedade almeirinense.

Optou-se por não pré-definir um percurso expositivo, dado que as próprias vitrinas móveis e as bases onde se encontram expostos os objectos, orientam o visitante, permitindo ao público descobrir e definir o seu próprio percurso.

Conteúdos informativos

No que concerne à informação disponibilizam-se na recepção do Museu folhetos com um breve historial desta unidade museológica e uma apresentação do percurso expositivo, apenas em português.

Na sala de exposição de longa duração mostram-se textos informativos em português que introduzem dados cronológicos, mapas do território e conceitos em articulação com os objectos expostos, da mesma forma que se incluíram tabelas com as respectivas legendas dos objectos que contemplam: o nome do objecto, a função e o número de inventário, ora dentro das vitrinas, nas paredes e nas bases, consoante os casos. Os critérios utilizados para a elaboração destes elementos textuais prenderam-se com a intenção de fornecer directivas ao visitante, que suscitem o interesse em aprofundar os conteúdos, evitando grandes manchas de texto.

Apesar de não existir formalmente um Serviço Educativo, o Museu disponibiliza visitas acompanhadas a todos os tipos de público, sendo necessária marcação prévia apenas no caso de grupos. Nas visitas acompanhadas, aqueles elementos textuais apresentam-se como pretextos para que o guia desenvolva os conteúdos. Existe ainda a possibilidade dos públicos efectuarem a visita livremente, funcionando os textos informativos como elementos-chave para futuras pesquisas.

Vista geral da exposição de longa duração do Museu, que se organiza em open-space.

© Marta Milheiro (2012).


Mapa ilustrado colocado na parede da recepção do Museu.

© Marta Milheiro (2012).

[1] Vd. Custódio, 2008.

Milheiro*, Marta (2013) Contributos para uma candidatura à Rede Portuguesa de Museus – o caso do Museu Municipal de Almeirim (trabalho de Projecto para obtenção do grau de Mestre em Museologia).

*Licenciada em História da Arte e Mestre em Museologia pela FCSH - Universidade Nova de Lisboa.

 

 

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