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Caraterização geral do Museu: tutela e modelo de gestão

31-01-2014

O Museu Municipal de Almeirim segundo o seu regulamento interno[1], enquadra-se na Divisão Sócio-Cultural da Câmara Municipal de Almeirim[2]. No referido regulamento devem ser instrumentos de gestão o plano anual de actividades, orçamento, relatório de actividades, avaliação interna e informações estatísticas sobre os visitantes e utilizadores que devem ser preparados anualmente pelo responsável do Museu.

Exposição de longa duração: condições museográficas

Ao facto de que o principal objectivo de uma exposição é o de criar as condições para que se estabeleça uma relação entre visitante e objecto, acresce a museografia como técnica dessa apresentação (Benes, 1983: 103 apud Hernández, 1998: 203). Da mesma forma, “a preparação de uma exposição não pertence só à disciplina em questão (...), e para isso, são chamadas uma série de técnicas que, finalmente, o museólogo coordenará.” ( Hernández, 1998: 203)[3]

No âmbito das alterações introduzidas ao espaço da exposição de longa duração, procedeu-se à construção de paredes falsas em pladur e MDF a fim de evitar a entrada directa de luz. Uma vez que o chão original era em calçada portuguesa polida, a equipa de projecto, nomeadamente o pintor António Viana, optou por forrar a sala de exposição de longa duração com alcatifa de cor cinzenta escura. As cores predominantes das paredes e vitrinas embutidas (fixas) são o verde claro e o branco, que contrastam com as madeiras de faia das vitrinas e bases móveis.

Como já se referiu, a apresentação dos objectos faz-se através da utilização de vitrinas – fixas e móveis – e bases que permitem a rotatividade da exposição, no sentido de lhe conferir dinamismo e possibilitar a apresentação de outros exemplares do acervo em reserva, nomeadamente na organização de exposições temáticas.

As vitrinas, tanto móveis como fixas, representam uma mais-valia no que concerne à conservação e segurança dos objectos, por constituírem barreiras físicas (através dos vidros) à acção de poluentes atmosféricos e insectos e por minimizarem os riscos de vandalismo, roubo e eventuais acidentes.

Do ponto de vista da manutenção, os vidros das vitrinas fixas foram instalados por forma a possibilitar ao técnico a sua abertura parcial, permitindo acções de limpeza e manuseamento dos objectos.

No caso das vitrinas fixas utilizou-se aglomerado de madeira e vidro. No aspecto museográfico, houve a preocupação em baixar o nível de todas as vitrinas para que fosse facilitada a sua visualização por parte de públicos infantis e/ou de mobilidade reduzida.

No que respeita às vitrinas móveis, são compostas por estrutura de base em madeira de faia com caixa superior em vidro. No domínio das bases, foram concebidos dois tipos: estrutura em ferro para os objectos de pedra mais pesados e estrutura em madeira de faia para os restantes.

Dentro das vitrinas, para os objectos de menores dimensões e de maior fragilidade, nomeadamente moedas e cerâmicas arqueológicas, foram concebidas bases em acrílico, com o intuito de, por um lado, destacar os objectos, e por outro, evitar o seu contacto directo com a tinta que reveste a vitrina. Cumpre-nos referir que foi construído também um suporte em acrílico para a ânfora, pois a transparência do material permite uma melhor leitura do objecto, a 360º .

A iluminação construída a partir do projecto de luminotecnia garantiu a flexibilidade luminotécnica, tendo-se concebido uma rede electrificada de três circuitos, normalizados, que asseguram as necessidades de correcto posicionamento de luz, seja qual for o lay-out implementado numa determinada exposição. Esta rede

Vitrina móvel da exposição de longa duração do Museu.
© Marta Milheiro (2012).

compõe-se por três circuitos de calhas que são destinadas a projectores de luz de realce; projectores dentro das vitrinas e luz fluorescente, em calhas e vitrinas. Estas opções, em associação com detectores de movimento, posicionados de forma a cobrirem todo o espaço,permitem que a componente de luz de realce só seja activada perante a presença de visitantes, apenas os aparelhos instalados nas calhas electrificadas do tipo Wallwhaser do tecto e os de luz fluorescente dentro das vitrinas estão acesos em permanência. Logo que algum visitante surja, os detectores dão ordem de ligar os projectores das calhas do tecto e das vitrinas, sucedendo-se a acção de desligar cerca de 5 a 7 minutos (período regulável que pode ir até 35 minutos) depois de deixar de ser detectada a presença de pessoas.[4] No sentido de proporcionar um tipo de iluminação cénica, foram incorporados nalguns projectores filtros dicroicos amarelos. Nas vitrinas fixas existe uma ambiência de fundo com luz fluorescente rasante e luz de realce por pequenos projectores aplicados em calhas electrificadas[5]. Para além da iluminação normal foram também contemplados alguns aparelhos de luz de emergência de circulação, aplicados em locais estratégicos que não colidem com o aproveitamento das superfícies verticais para fins expositivos. A montagem luminotécnica foi efectuada por electricistas da autarquia sob as orientações do Engenheiro Vítor Vajão que foi aferindo posicionamentos, intensidade de luz (através de um luxímetro) e controlando os brilhos directos e indirectos.

Bases móveis da exposição de longa duração do Museu, com destaque para a iluminação destacada dos objectos, através de filtros dicroicos amarelos.

Bases móveis da exposição de longa duração do Museu, com destaque para a iluminação destacada dos objectos, através de filtros dicroicos amarelos.
© Marta Milheiro (2012).

 

Vitrina fixa da exposição de longa duração do Museu com sistema de vidro deslizante na calha para manuseamento dos objectos e acções de limpeza da vitrina.
© Marta Milheiro (2012).

Bases com estrutura em ferro para objectos mais pesados da exposição de longa duração do Museu.
© Marta Milheiro (2012).

 

Pormenor das calhas com os projectores de iluminação da exposição de longa duração do Museu.
© Marta Milheiro (2012).

[1] Vd. Anexos ao capítulo 4, N.º 4.41 - Regulamento Interno do Museu Municipal de Almeirim.

[2] Vd. Anexos ao capítulo 4, N.º 4.42 - Regulamento dos Serviços do Município de Almeirim.

[3] Tradução da autora. No original “la preparación de una exposición no incumbe solamente a la disciplina interesada (...) y para ello se ayuda de una serie de técnicas que, finalmente, el museólogo unificará.” (Hernández, 1998: 203)

[4] A implementação deste sistema garante a amortização do seu custo em período muito curto (normalmente, só em custos energéticos há uma redução superior a 50% e o tempo de uso das lâmpadas aumenta 3 vezes). Os projectores das calhas do tecto permitem a redução do fluxo luminoso através de regulador, incorporado no adaptador à calha, podendo assim adequar-se a luminosidade de cada objecto em exposição às suas exigências intrínsecas ou às do conjunto do ambiente visual.

[5] Ambos os sistemas são regulados individualmente. Estes reguladores localizam-se em locais não visíveis das vitrinas. O quadro eléctrico do Museu foi também adaptado para integrar os novos órgãos de protecção e comando nomeadamente um contactor manual que permite comutar o sistema de iluminação para três hipóteses: desligado, acesso e accionado automaticamente pelos detectores de movimento.

Milheiro*, Marta (2013) Contributos para uma candidatura à Rede Portuguesa de Museus – o caso do Museu Municipal de Almeirim (trabalho de Projecto para obtenção do grau de Mestre em Museologia).

*Licenciada em História da Arte e Mestre em Museologia pela FCSH - Universidade Nova de Lisboa.

 

 

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