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A Rede Portuguesa de Museus: um balanço

21-03-2014

A matéria que temos vindo a expor relativamente à institucionalização de um órgão que coordene e certifique os museus portugueses foi alvo de bastante polémica. Primeiro, pela falta de diploma legal que a definisse, e depois, pela avaliação do seu desempenho. Pensámos ser importante fazer um balanço acerca desta entidade e para tal, considerámos o já referido Panorama Museológico em Portugal (2000-2003) (2005) de forma a retiramos algumas conclusões. Assim, à semelhança do Inquérito aos Museus em Portugal (2000), foi seguida uma política de estudo mais ou menos frequente entre o Instituto Português de Museus e o Observatório das Actividades Culturais, no sentido de se ir monitorizando o meio museológico nacional. Esse trabalho de continuidade resultou também numa avaliação do impacto da própria Rede.

O balanço apresentado prendeu-se com os inquéritos que foram sendo realizados junto das entidades pertencentes à Rede, que resumidamente apontaram com uma avaliação muito positiva: o respeito e a promoção pela diversidade cultural; a recomendação e divulgação de boas práticas museológicas; a promoção da qualificação dos museus, ou seja, linhas de acção relativas ao eixo informação/divulgação. Por outro lado, os pontos com menor sucesso de execução relacionaram-se com os benefícios financeiros; os impactos da acção da Rede Portuguesa de Museus relativamente às condições físicas e ambientais; e a relação com os públicos.

Em linhas gerais, também foi possível concluir que ao nível das tutelas, foram os museus autárquicos que mais evidenciaram os pontos positivos e os da administração central e governos regionais os que se mostraram mais insatisfeitos com os resultados da integração na Rede Portuguesa de Museus. Sobre estes resultados seria de maior interesse uma análise mais detalhada, todavia, a extensão deste trabalho não nos permite tal minúcia, ficando a referência bibliográfica para eventual desenvolvimento.

A questão das parcerias

Numa última análise, deixámos o repto a uma questão que nos pareceu de grande importância no âmbito dos benefícios do funcionamento em rede, trazida à discussão através de Jorge Alves dos Santos (2011), e que se relaciona com as possibilidades em estabelecer parcerias no seio da Rede Portuguesa de Museus ou fora dela, salientando que:

  “Relativamente ao papel desempenhado pela RPM [Rede Portuguesa de Museus] em relação à articulação e cooperação entre museus, saliente-se que desde 2001 fica claro que o estímulo e incentivo ao estabelecimento de parcerias entre museus e entre estes e outros agentes da sociedade sempre esteve subentendido na actividade desenvolvida. No estudo realizado pelo OAC [Observatório das Actividades Culturais] em 2005 (...), no inquérito de avaliação aplicado aos museus que integravam a RPM [Rede Portuguesa de Museus] (na altura 114), nos aspectos referentes ao cumprimento dos objectivos da Rede, o alusivo a ‘Motivar ou valorizar o estabelecimento de parcerias entre museus e outros agentes culturais’, avaliado como satisfatório ou muito satisfatório pela maioria dos museus, foi o que registou a percentagem menos elevada, com 78%.” (Santos, 2011: 6)

Segundo o autor, com o objectivo de avaliar “(...) as dinâmicas das parcerias entre museus realizou-se um inquérito por questionário junto dos 125 museus e palácios integrados na RPM [Rede Portuguesa de Museus] à data de Dezembro de 2008. (...) (Santos, 2011: 61) saindo reforçada a ideia de parceria como um meio importante de articulação e sustentabilidade das instituições culturais, dado que se verifica através da mesma fonte uma tendência para os museus se relacionarem com outros da mesma área geográfica e com o mesmo tipo de colecções ou tutelas.

Considerámos, assim, que a Rede mostrou-se um ambiente propício ao desenvolvimento de parcerias, ainda que estas não se esgotem nela, pois são muitos os exemplos em que se fizeram parcerias com instituições fora da Rede.

Finalmente, o autor refere a importância de, mais uma vez, se definirem conceitos, de se dar continuidade e estimular as parcerias, de incrementar a circulação de colecções alargando a esfera de actuação e desenvolver parcerias nas diversas áreas das funções museológicas, no sentido de rentabilizar recursos e partilhar experiências.

Pelo exposto, salientamos que este será um dos pontos positivos em pertencer à Rede Portuguesa de Museus, nomeadamente no que se refere ao objecto de estudo deste Trabalho de Projecto.

A relevância da preparação do dossiê de candidatura será equacionada no seguinte Capítulo, em articulação com as propostas para a sua formalização, tendo em conta o diagnóstico da unidade museológica em causa, apostando precisamente na possibilidade de estabelecer parcerias, como veículo de sustentabilidade da instituição museológica.

Milheiro*, Marta (2013) Contributos para uma candidatura à Rede Portuguesa de Museus – o caso do Museu Municipal de Almeirim (trabalho de Projecto para obtenção do grau de Mestre em Museologia).

*Licenciada em História da Arte e Mestre em Museologia pela FCSH - Universidade Nova de Lisboa.

 

 

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