13-12-2013
Banco americano, que obteve 5% dos correios portugueses, foi acusado de ter dado um golpe na privatização do correio britânico, avaliando-o muito abaixo do valor real e vendendo posteriormente na alta as acções, com um lucro estimado de 12 milhões de libras.
O banco norte-americano Goldman Sachs é o maior accionista privado dos CTT, com 5% do capital da empresa, depois de ter investido 41,38 milhões de euros na compra de quase 7,5 milhões de acções na privatização, informaram os CTT em comunicado.
Também o Deutsche Bank adquiriu uma posição de cerca de 2%, pela qual pagou quase 17 milhões de euros.
Os investidores tinham de comunicar até esta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários as participações qualificadas (acima de 2%) que assumiram nos CTT.
A maioria da procura de acções dos Correios teve origem no estrangeiro.
O Goldman Sachs é o banco onde trabalharam o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, o já falecido António Borges, que foi Director do FMI para a Europa e conselheiro de Passos Coelho, e António Horta Osório, actual presidente do Lloyds Bank. É conhecido por ter a política de colocar ex-funcionários nos lugares de topo que decidem o rumo da economia global, o que leva muitos a dizerem que domina o mundo.
“Golpe” na privatização do Royal Mail
O interesse do banco americano pelas empresas de correios é anterior à privatização dos CTT. Em Outubro deste ano, o Goldman Sachs esteve envolvido na privatização dos correios britânicos, o Royal Mail, uma operação que levou o diário The Independent a acusá-lo de ter dado um golpe que rendeu aos seus clientes um lucro 12 milhões de libras.
Na verdade, o banco subavaliou o preço a que as acções deveriam ser postas no mercado: propôs ao governo britânico 3,3 libras por acção, correspondente a uma avaliação de 3.300 milhões de libras, enquanto o seu rival JP Morgan fazia uma avaliação muito mais alta, entre 6.800 e 8.500 milhões de libras. O governo optou pela mais baixa, e logo no primeiro dia as acções subiram 38%.
O Estado perdeu assim, potencialmente, cerca de mil milhões de libras, mas os clientes do próprio Goldman Sachs lucraram muito: compraram as ações pelo valor inicial e venderam-nas na alta, obtendo um lucro que pode ter chegado a 12 milhões de libras. O Independent descobriu que o banco vendeu 4,5 milhões de acções entre 31 de Outubro e 11 de Novembro.
Lucraram os clientes do banco, lucraram também os banqueiros: apesar de ter errado totalmente na avaliação, o Goldman Sachs, junto com o UBS e outros cinco bancos menores, recebeu, por ter montado a operação de mercado, mais de 12 milhões de libras.
Esquerda.Net