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Relançar o crescimento Sul-Africano
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20-11-2015

JOANESBURGO – Um paradoxo da rápida expansão económica da África subsariana é o facto de a economia mais sofisticada da região não parecer fazer parte dela. Desde 2008, a África do Sul tem registado um crescimento médio anual do PIB de apenas 1,8%, menos de metade da taxa dos cinco anos anteriores. O Fundo Monetário Internacional espera que a produção no resto da África subsariana cresça a um ritmo de cerca de 5% no próximo ano, mas a África do Sul está projectada para gerir pouco mais de 1% do crescimento. Mais preocupante ainda é a taxa de desemprego do país - acima dos 25% - sendo uma das mais altas do mundo.

A África do Sul precisa de recuperar a iniciativa económica, construindo - literalmente - a África do futuro. Países do continente apressam-se a construir as estradas, os portos, as centrais eléctricas, as escolas e os hospitais que precisarão para sustentarem o seu crescimento e satisfazerem as necessidades das suas populações urbanizadas e que crescem rapidamente. E o que eles precisam, acima de tudo, é de experiência.

Mas embora a África do Sul tenha sectores na arquitectura, na construção e na engenharia altamente capazes, a sua quota actual de projectos estrangeiros construídos na África subsariana está situada apenas nos 7%, em comparação com os 32% relativos à China. De acordo com o McKinsey Global Institute (MGI), um esforço coordenado por parte de empresas de construção, bancos, instituições financeiras e ministérios do governo sul-africanos - em parceria com os seus homólogos de outros países africanos - poderia triplicar esta participação, criando potencialmente 80 mil novos postos de trabalho internos nas exportações de serviços de construção, até 2030.

As oportunidades não estão limitadas à indústria da construção. A África do Sul tem o know-how para satisfazer a necessidade crescente que a África tem de uma ampla gama de serviços, desde a banca e os seguros até à venda a retalho e os transportes. Actualmente, o país fornece apenas 2% das importações de serviços da África subsariana - um mercado avaliado em cerca de 40 mil milhões de dólares por ano. O contraste com os líderes económicos de outras regiões é significativo. O Brasil fornece 26% das importações de serviços da América Latina e o Reino Unido fornece 19% das importações de serviços da Europa.

A África do Sul é o lar de vários bancos inovadores e bem estabelecidos que estão em boa posição para oferecerem serviços digitais de baixo custo a milhões de famílias e empresas africanas que presentemente não têm conta bancária. Na verdade, os bancos sul-africanos já controlam uma quota de 12% do mercado bancário da África subsariana (fora do seu país de origem); com o mercado regional a crescer mais de 10% ao ano, eles poderiam quase duplicar esta quota até 2030.

O potencial é igualmente promissor nas seguradoras. A África do Sul tem um sector de seguros altamente desenvolvido, com uma longa história de criação de produtos para cada nível demográfico e de rendimentos. Está idealmente posicionada para providenciar seguros ao resto da África subsariana, onde apenas 1% dos domicílios tem qualquer tipo de seguro.

A África do Sul também ainda não está à altura do seu peso económico no comércio de mercadorias. Deveria estar a desempenhar um papel muito mais activo, tanto na satisfação da procura de África pelas importações, como no estímulo ao desenvolvimento industrial e agrícola em todo o continente. A recentemente anunciada Área de Livre Comércio Tripartida, que irá criar um mercado integrado em 27 países africanos, é uma grande oportunidade para a África do Sul e para o resto da região.

Esse acordo poderá ajudar a África do Sul a triplicar as suas exportações de bens agrícolas. Também poderá levar produtos de outros países africanos para as fortes cadeias de fornecimento e redes de comércio da África do Sul, beneficiando toda a região.

A chave para reacender o crescimento económico da África do Sul é uma estratégia regional ambiciosa, impulsionada pelo trabalho em parceria entre líderes governamentais e empresariais. Um enorme aumento da educação profissional é particularmente importante, uma vez que isso fornecerá aos jovens sul-africanos as competências técnicas necessárias para apoiar a expansão das indústrias de exportação. Implantar infra-estruturas para apoiar o crescimento - especialmente a geração de energia, que actualmente não acompanha a procura - também será crucial.

A transformação económica da África do Sul desde a sua transição para a democracia, há duas décadas, tem sido notável. Mas o seu renascimento corre o risco de perder eficácia. Só tomando a iniciativa com ousadia é que a África do Sul consegue colocar-se no cerne da renovação económica de África, e só abraçando o seu papel como líder regional é que pode revitalizar as suas próprias perspectivas.

Acha Leke e Michael Katz

Acha Leke é diretor da McKinsey & Company e lidera o McKinsey Global Institute na África.

Michael Katz, Presidente do ENSafrica, um dos maiores escritórios de advocacia da África, serviu como Presidente da Comissão de Assessoria Fiscal para o Ministro das Finanças da África do Sul.

Acha Leke

Michael Katz

 

 

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