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Não falta conhecimentos e sim ações contra a crise climática
Autor: Busani Bafana

08-12-2017

Atenção se concentra também naqueles que negam o aquecimento global, como é o caso de Trump, que iniciou o processo para tirar seu país do Acordo de Paris.

Os cientistas comprovam que apesar de haver suficientes conhecimentos sobre a crise climática que o planeta enfrenta no momento, a humanidade não é capaz de tomar as decisões capazes de reverter o aquecimento global e a janela de oportunidades vai se fechando rapidamente. Quanto antes as autoridades escutem a ciência, mais rápido será possível reduzir as emissões contaminantes.

O dióxido de carbono liberado na atmosfera aumenta, mas nosso ímpeto por fazer algo a respeito não, alertam os especialistas.

Durante a 23ª Conferência do Clima, em Bonn, a necessidade de se tomar iniciativas mais ambiciosas em matéria de redução de gases do efeito estufa e de encaminhar o mundo a uma matriz energética mais limpa e sustentável nunca foi tão urgente.

As projeções em matéria climática mostram um aumento dos eventos extremos e da temperatura, mais casos de secas e de inundações. Os mares e oceanos, nossos grandes pulmões, se aquecem e alcançam o ponto de saturação para absorver o maior dióxido de carbono da atmosfera.

“Há um debate atual entre os governos, sobre essa necessidade de tomar medidas mais audaciosas, mas não passa dos argumentos, ainda não sabemos quando se tornará ação”, comenta Hans-Otto Portner, um dos presidentes da Equipe de Trabalho II, do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Crise Climática (IPCC) e diretor de investigação de fisiologia de ecossistemas do Instituto Alfred Wegener.

Portner trabalho para espera que a última rodada de negociações da CMNUCC mostrasse até que ponto os eventos climáticos extremos mudaram a mentalidade daqueles que tomam as decisões. Ainda assim, não comoveu suficientes novos adeptos.

“A crise climática não vai parar e suas consequências serão cada vez mais intensas, o que aumentará a pressão sobre os líderes mundiais, para façam algo a curto prazo”, observou Portner. “Há países que acham que não estão sendo tão afetados no momento, onde há inércia e uma menor consciência de que isso é realmente importante”, continuou.

Sobre a oposição às metas mais ousadas por parte de alguns líderes mundiais, como o presidente estadunidense Donald Trump, Portner diz que “aqueles que têm menos acesso ao conhecimento óbvio e às informações científicas preferem defender suas próprias crenças. Como cidadãos, só podemos esperar que essas pessoas com o tempo possam perder influência”.

Clima mais quente x ambições mais frias

Não faltam influenciadores políticos para tomar ações mais ambiciosas em termos de redução das emissões de carbono. Porém, a atenção se concentra também naqueles que negam o aquecimento global, como é o caso de Trump, que iniciou o processo para tirar seu país do Acordo de Paris, assinado em 2015.

É claro que o mundo possui suficiente conhecimento sobre a crise climática, em comparação a um século atrás, mas as ações tomadas até agora não são suficientes. Por exemplo, apesar de se falar em veículos elétricos há anos, a indústria automotora europeia demorou mais de uma década para criar motores alternativos.

Em Bonn, os governantes do mundo se comprometeram a diminuir as emissões de carbono e frear o aumento da temperatura global a níveis acima de 2 graus centígrados em comparação à era pré-industrial. Também concordaram em garantir que não permitirão o aumento da temperatura do planeta em mais de 1,5 grau, para manter uma Terra em que a vida seja sustentável. Ainda assim, os cientistas estão preocupado, acham que as metas são muito fracas.

Com o início do 6 ciclo de avaliação do IPCC, há pressões para validar o Acordo de Paris, cuja base é a capacidade do mundo de se adaptar e reduzir os impactos da crise. Todos os países devem reduzir as emissões de dióxido de carbono de forma drástica até meados do século se querem alcançar os objetivos do tratado.

O atual informe climático indica claramente que as emissões a nível zero são uma condição inevitável para limitar o aquecimento global e mantê-lo abaixo dos 2 graus. Porém, somente reduzir as emissões de dióxido de carbono pode não ser suficiente. A eliminação da substância da atmosfera deveria contribuir. Isso já é tecnicamente possível, mas o desafio é criar e implementar tecnologias capazes de fazê-lo a maior escala.

O último informe do Instituto Mundial de Recursos, com sede em Washington, revelou que mais de 55 países, responsáveis por 60% das emissões globais, se comprometeram a liberar um volume mínimo em 2030. Embora isso seja bom, o total de gases contaminantes liberados na atmosfera deve fazer com que o aquecimento já alcance níveis perigosos em 2020, segundo o documento oficial da Conferência do Clima.

Atuando como um dissipador gigante de carbono, os oceanos absorvem ao redor de um terço desse gás liberado na atmosfera pelas atividades humanas. Mas quando o faz, os gases geram reações químicas e provocam a acidificação do oceano, explicam os cientistas. Isso, por um lado, diminui o dióxido de carbono da atmosfera, mas por outro afeta os ciclos de vida e materiais dos oceanos, e os que dependem dele.

A rede de investigação alemã Impactos Biológicos da Acidificação dos Oceanos concluiu uma pesquisa de 8 anos, com uma equipe formada por 250 cientistas, que mostra como a acidificação, o aquecimento e outras condições ambientais prejudicam e comprometem os serviços dos ecossistemas que proveem.

Peixe fora do menu

A acidificação dos oceanos reduz sua capacidade armazenar dióxido de carbono, o que ameaça os ecossistemas marinhos, que por sua vez alimentam as reservas de peixes do mundo.

O estudo do Centro Geomar de Investigação sobre Oceanos, em Kiel, mostra que a acidificação e o aquecimento em breve afetarão a disponibilidade de peixes e as reservas mundiais.

E em quanto ao fato da atividade pesqueira superar a capacidade de renovação dos recursos marinhos, o estudioso Gerd Kraus, do Instituto Thunen de Pesca Marinha, em Hamburgo, diz que “não é necessariamente uma catástrofe ecológica, mas é evidentemente injusto, além de ser algo bastante estúpido do ponto de vista econômico”.

Os peixes são a maior fonte de proteínas de 1 bilhão de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento. As perdas de recifes de coral, que oferecem um habitat e proteção costeira para muitas espécies, afetará a aquicultura e a colheita de peixes.

Mas as mudanças para este cenário são difíceis, porque são lentas.

Chega de combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis são a principal fonte de gases de efeito estufa na atmosfera, segundo Felix Ekardt, diretor da unidade de investigação de Políticas de Sustentabilidade e Clima, em Leipzig.

Um estudo de 2017 mostra que as consequências do uso dessa fonte de energia mata 9 milhões de pessoas por ano, mais que as guerras, a AIDS e a malária juntas.

A investigação de Bioacid apela a reduzir rapidamente o uso de combustíveis fósseis, como uma das opções para uma política efetiva em matéria de acidificação dos oceanos.

“O mecanismo mais efetivo para isso é definir medidas políticas claras para eliminar do mercado os combustíveis fósseis utilizados no setor energético, na calefação e no uso industrial (como fertilizantes) implementando um mecanismo de controle de qualidade”, precisou o cientista.

Gebru Jember Endalew, presidente do grupo de Países Menos Adiantados (PMA), se lamentou sobre isso, pois faz com que os países em desenvolvimento não possam adotar medidas ambiciosas para combater a crise climática, ou se proteger contra as suas consequências, enquanto não estiverem todos os países cumprindo os compromissos que estão sobre a mesa.

“Os 47 países mais pobres do mundo devem enfrentar o desafio único e sem precedentes de tirar a sua população da pobreza e encontrar a fórmula do desenvolvimento sustentável sem depender dos combustíveis fósseis”, afirmou Endalew.

Fonte: Carta Maior

 

 

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