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Um plano ambicioso para a mudança climática
Autor: Paul Krugman

20-06-2014

A proposta de Obama de reduzir contaminação provocada pelo carbono das centrais elétricas não basta para salvar o planeta, mas pode ter grande repercussão.

Tive há pouco uma discussão com uma pessoa que se sentia decepcionada pelo presidente Obama. Essa pessoa se queixava de que o presidente não estivera à altura das expectativas de seus partidários. Minha resposta, pelo visto, a surpreendeu: à medida que seu segundo mandato acontece, eu gosto cada vez mais de Obama.

É claro que alguém se sentirá decepcionado se acreditava que uma retórica brilhante poderia transformar nossa vida política, ou que Obama conseguiria, por sua força de vontade, converter os direitistas pirados em centristas. Mas eu nunca acreditei em nada disso. De fato, sempre me irritaram os discursos inspiradores, que me faziam pensar que Obama não compreendia o que estava enfrentando.

A despeito disso, o importante eram as conquistas concretas, as coisas que, com o tempo, mudariam para melhor nos Estados Unidos. E, ao final, Obama cumpriu. A reforma na saúde está funcionando e, pouco a pouco, a multidão que pedia sua revogação está desaparecendo.

E agora, o meio ambiente

A recente proposta do presidente de reduzir a contaminação provocada pelo carbono das centrais elétricas não basta por si mesma para salvar o planeta. E, assim como na reforma da saúde, poderia não acontecer se um número suficiente de magistrados da Suprema Corte decidisse que suas lealdades partidárias estão acima da lei e da política sensata. Mas, se o plano entrasse em vigor, poderia ter repercussões enormes. Poderia reviver a diplomacia do clima e, se chegasse a aplicar algo parecido com a limitação e o comércio de direitos de emissões, comprovaria que é muito mais barato do que os agouradores asseguram, o que debilitaria os argumentos dos anti-ecologistas na mesma medida que o êxito da Lei de Assistência Sanitária Acessível debilitou os argumentos dos inimigos da cobertura universal de saúde.

Por isso, é realmente alentador. Só espero que o presidente se mantenha nessa linha. E a boa notícia é que eu começo a acreditar que ele o fará.

O conforto do carbono

A Câmara de Comércio dos Estados Unidos lançou recentemente seu ataque preventivo contra a normativa do governo Obama sobre as centrais elétricas. O que a Câmara queria era mostrar que o impacto económico da normativa seria devastador. E eu estava querendo ver como ela havia maquiado os números.

Mas, enquanto a argumentação não chegava, aconteceu algo curioso. Evidentemente, a Câmara decidiu que queria preservar sua credibilidade e, por isso, subcontratou a análise. E embora tenha tentado tergiversar os resultados, o que ela realmente descobriu foi que algumas medidas drásticas sobre os gases de efeito estuda teriam um custo económico surpreendentemente baixo.

O pretensamente terrível relatório da Câmara disse que a normativa custaria à economia norte-americana 50,2 bilhões de dólares anuais de agora até 2030. O cálculo corresponde a um plano para reduzir as emissões de gases de efeito estuda em 40% em relação a seus níveis de 2005 – ou seja, são medidas de verdade.

Cinquenta bilhões de dólares é muito? Segundo as previsões a longo prazo do Escritório de Orçamentos do Congresso, o Produto Interno Bruto real anual para o período 2014-2030 será, em média, de 21,5 bilhões de dólares. Isto é, a Câmara está nos dizendo que podemos conseguir reduzir significativamente os gases de efeito estuda por 0,2% do PIB. Que barato!

É verdade que a Câmara também disse que a normativa custaria 224 mil postos de trabalho anuais em média. Isso é um mau planeamento económico. Nos Estados Unidos, o emprego está determinado pela interação entre a política macroeconómica e a relação entre inflação e desemprego, e não há qualquer razão para pensar que a proteção ao meio ambiente possa reduzir os postos de trabalho (diferentemente dos salários reais).

Mas inclusive após análise superficial, essa também é uma quantidade pequena em um país com 140 milhões de trabalhadores.

Por isso, eu estava esperando para investir duramente contra o mal planeamento económico da Câmara, mas ela mostrou na realidade que, mesmo tendo pago pelo estudo, a economia da proteção do clima pelo visto é muito sensível.

Paul Krugman

Publicado no "El País" em 13 de junho de 2014.

Tradução: Daniella Cambaúva

 

 

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