01-05-2014
Quando se estabelecem os critérios de avaliação de eficácia das actividades de Educação e Sensibilização Ambiental há que ter em conta todas estas circunstâncias que, de alguma forma, deturpam os resultados. Se elas forem tidas em consideração, verifica-se que a maior parte dos indicadores não são muito palpáveis (dificilmente quantificáveis). Escolha-se, por exemplo, um indicador quantificável: higiene escolar. Ao problematizar a questão tinha-se verificado que os “alunos” (na realidade, toda a população escolar) produzia muito lixo abandonando-o por todo o recinto escolar sem o mínimo respeito pelo ambiente envolvente. Decidiu-se então pela implementação de uma acção relativa à problemática dos resíduos. De inicio verificou-se que toda a escola tinha que ser varrida todos os dias. Durante a implementação da acção foi-se verificando uma redução progressiva da produção de resíduos na escola quer através do menor uso de embalagens/recipientes quer através da deposição dos mesmos em local próprio. Os níveis de produção atingidos fizeram com que passasse a ser necessário varrer a escola primeiramente de 36 em 36 horas e mais tarde de 2 em 2 dias. Este indicador de eficácia é real, pois desta forma não se avaliou o desempenho de nenhum dos actores, tendo-se, sim, avaliado as atitudes resultantes da acção implementada. É, geralmente, difícil encontrar indicadores de eficácia tão bem adaptados como este.
Poderia ainda verificar-se que à medida que o tempo passa, o processo pode sofrer regressões. Se os indicadores de eficácia forem monitorizados a partir daí, poder-se-á calcular quando é que os níveis mínimos atingidos podem justificar a realização de uma nova acção, mais curta e mais simples, para assim relembrar eventualmente uma simples auditoria ambiental. Será muito mais simples o retomar de quadros de valores anteriormente adquiridos do que o assumir de valores completamente novos. (Fonte : CARAPETO, Cristina [et.al.] – Educação Ambiental. 1ª ed. Lisboa: Universidade Aberta, 2001. ISBN 972–674–255–2).
É meu entendimento que se são valores que desejamos mudar, devemos planear, no momento da elaboração de um projecto de Educação Ambiental, actividades com características próprias, específicas, que as mudanças de atitudes e comportamentos exigem. Entretanto, não são quaisquer valores, ou os valores pré-estabelecidos pela sociedade. A escola deve avançar com as suas propostas na busca de valores que melhor se adaptem na luta pela sobrevivência da espécie humana e melhorem a gestão dos recursos naturais.
Acredito ser importante não só avaliar como também superar a visão simplista da avaliação. Não se avalia com o único objectivo de propor mudanças, pois nem sempre uma mudança significa uma melhoria. Os resultados da avaliação de um projecto de Educação Ambiental devem sinalizar, por meio da compreensão, da reflexão e do diálogo entre os seus actores – professores, alunos e comunidade – os elementos que consistiriam na autêntica melhoria do Programa de Educação Ambiental.
Uma metodologia para Projectos de Educação Ambiental
De seguida apresenta-se uma possível metodologia para Projectos de Educação Ambiental sintetizando o descrito acima nos capítulos 7 e 8.

Fig. 6– Proposta de um esquema de funcionamento de um Projecto de Educação Ambiental. (Adaptado de Universidade de Évora – Graça Gonçalves)