O ARDINA
De manhã, surge do breu da neblina,
E há um pregão matutino que entoa,
Quando ele anuncia em cada esquina;
Que ali trás vespertinos de Lisboa.
Cada nome de jornal vai gritando Vergado ao peso enorme da sacola,
Compara-se a alguém que pede esmola
E que, tostão a tostão vai contando.
Calcorreia os becos, não se detêm
E antemanhã nas ruas em que anda
Cumpre o dever de ofício com mestria;
E se à hora certa o freguês não vem
Arremessa-lhe o jornal p’rá varanda
Enquanto não lhe falha a pontaria.
Almeirim, 2003-05-29
João Chamiço |