O amola tesouras já se anuncia
Soprando a sua flauta a sibilar,
Diziam os antigos que chovia
A chuva que ele vinha adivinhar.
Põe varetas novas em guarda-chuvas
Ou aguça tesouras e navalhas,
Vai palmilhando as rectas e as curvas
E adormece em meia dúzia de palhas.
Empurrando o velho engenho, lá vem
Soltando o seu pregão assobiado,
E a roda vai na calçada a gemer;
Nos gonzos ressequidos que a mantêm
Já vejo o esmeril desengonçado
Só não vejo os indícios de chover.
João Chamiço
|