Galamba não vai gerir o dossier da TAP, não vai decidir o novo aeroporto, não vai resolver qualquer questão relevante em matéria de infra-estruturas.
É até provável que some problemas aos problemas.
Tudo o que for importante, se for decidido, será decidido pelo homem que o escolheu, que o segurou e que, a uma distância que julga de segurança, o vê arder na fogueira em que está transformado o nosso espaço público: António Costa.
O problema não é, portanto, Galamba, o problema é António Costa.
Porque António Costa, tão elogiado pela sagacidade e ardil, tem um único mote: o interesse particular do exercício do poder. E isto raramente se cruza com o interesse público.
E isso tem a ver com a natureza das "decisões" que toma. E que não toma.
Falava de fogueiras em que Costa sacrifica peões para se proteger.
Há dois anos, António Costa dizia no Parlamento: "tenho um excelente Ministro da Administração Interna". Estava a falar de Eduardo Cabrita. A história que se seguiu é conhecida.
Antes deste, Azeredo e Constança; depois deste, Temido e Pedro Nuno.
Ainda se lembram do episódio de desautorização mútua a propósito do futuro aeroporto?
Agora é Galamba. Poupo-me e poupo-vos ao rol de Secretários de Estado caídos pelo caminho, onde pontifica o Alves de Caminha, o do pavilhão multiusos invisível, chamado para fazer a "coordenação política" do Governo.
Uma excelente metáfora.
António Costa não é um líder. António Costa não é um chefe.
António Costa é uma espécie de chef: gosta de os levar a todos ao lume. Enquanto são eles, não é ele.
No buzz mediático de um país de fraca tradição democrática e inexistente cultura de responsabilização, enquanto olhamos para a fogueira, o fogueiro tenta passar despercebido.
Mas é ele o fogueiro. António Costa é o fogueiro da degradação da democracia, do estrangulamento das condições de vida dos portugueses, da deterioração do debate público, do definhamento da expectativa num futuro melhor.
Em oito anos de exercício de poder, que obra deixa este homem a Portugal?