CPLP preocupada na ONU pela crise política na Guiné-Bissau
17-06-2016 - A Nação
Em reunião do Conselho de Segurança, o embaixador da Guiné-Bissau disse que “o país está praticamente paralisado.”
A embaixadora de Timor-Leste junto das Nações Unidas disse ontem, em representação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) numa reunião do Conselho de Segurança, em Nova Iorque, que a organização “lamenta a evolução da situação política” na Guiné Bissau.
“Os estados membros da CPLP lamentam a evolução da situação política desde o último Conselho de Segurança e mostram-se profundamente preocupados com o actual impasse político”, disse Maria Jesus Pires.
Em representação da CPLP, a diplomata disse que “é profundamente preocupante que a instabilidade no país tenha forçado os parceiros internacionais a adiar as contribuições prometidas” na conferência internacional de dadores de Março do ano passado.
“Tais atrasos apenas afectam o povo da Guiné-Bissau, que já está a sofrer um impacto social e económico altamente negativo”, disse a embaixadora.
O presidente guineense, José Mário Vaz, e o PAIGC, vencedor das eleições de 2014, estão em conflito há cerca de um ano.
O chefe de Estado já demitiu dois governos daquele partido e deu posse no início do mês a um novo executivo, mas o PAIGC requereu ao Supremo Tribunal de Justiça que a medida seja declarada inconstitucional.
“É necessário perfil de chefe de Estado neste momento para levar o país para a frente e fazer cumprir a sua ambição de estabilidade e desenvolvimento económico e social, além de consolidação do Estado de direito e da promoção de direitos civis, económicos sociais e culturais”, disse.
“Para concluir, reconhecemos que o caminho tem sido difícil, mas estamos firmes no nosso compromisso com os nossos irmãos e irmãs guineenses e confiantes de que a Guiné-Bissau é um país com um futuro brilhante”, defendeu a timorense.
Representante guineense na ONU diz que “o país está praticamente paralisado”
O embaixador da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas, João Soares da Gama, disse ontem na reunião do Conselho de Segurança que “o país está praticamente paralisado.”
“Tudo o que tenho a acrescentar é que o país está praticamente paralisado. As pessoas estão a sofrer e toda a gente está apreensivamente à espera da decisão do Supremo Tribunal”, disse o diplomata.
“Temos consciência de que as crises políticas e institucionais que têm isolado o nosso país no último ano exigem vontade política dos principais actores nacionais. No entanto, um contínuo apoio forte da comunidade internacional na direcção certa pode ajudar-nos a encontrar uma solução sólida para este impasse persistente”, defendeu Soares da Gama.
O responsável admitiu que as dificuldades comprometem as promessas feitas durante a conferência internacional de dadores em Março do ano passado, mas disse acreditar que “a ajuda coordenada [dos parceiros internacionais] é desesperadamente necessária para devolver o país ao seu funcionamento normal” e reconquistar confiança.
Para Soares da Gama, “as pessoas têm esperança de que estes passos ajudem o país a concentrar-se, finalmente, no seu desenvolvimento e na necessária reforma do sector da segurança, que trará pensões dignas para o pessoal militar na reforma.”
“Até agora, as Forças Armadas mantiveram-se à margem da crise, e desejamos que continuem com esta posição republicana de não interferência nas disputas políticas do país”, explicou.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas também recebeu ontem uma breve comunicação do novo Representante Especial do Secretário-Geral e chefe do Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), Modibo Touré.
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