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Republicanos perdem a Câmara. E agora, Trump?

09-11-2018 - Helena Tecedeiro

Desta vez as sondagens acertaram: nas intercalares desta terça-feira, os republicanos mantiveram - e até reforçaram - a maioria no Senado e os democratas conseguiram recuperar o controlo da Câmara dos Representantes.

pois de umas eleições que o próprio Donald Trump disse serem um referendo à sua presidência, o presidente terá agora de negociar com a oposição desde a reforma da saúde ao financiamento do muro com o México. Já para não falar do fantasma do impeachment.

Como vinha sendo apontado pelas sondagens, os republicanos de Trump mantiveram - e até reforçaram a maioria que já detinha no Senado, mas perderam para os democratas o controlo da Câmara dos Representantes.

Um resultado que Trump definiu no Twitter como um "sucesso tremendo", antes de agradecer "a todos".

Numa noite de poucas surpresas, em que apesar de todo o suspense no Texas à medida que as horas passavam e Beto O'Rourke mantinha uma curtíssima vantagem sobre Ted Cruz, o republicano acabou mesmo por manter o lugar no Senado que detém desde 2013. E se a campanha de Beto, que palmilhou o estado apelando ao voto de todos, dos jovens aos idosos, das minorias aos homens brancos como este descendente de irlandeses nascido em El Paso e fluente em espanhol, provou que o vermelho Texas pode estar a ficar cada vez mais azul, a grande incógnita agora é saber como Trump vai lidar com uma maioria democrata na Câmara.

Saúde, muro, comércio e impostos

Os líderes do Partido Democrata já tinham deixado claro durante a campanha que se vencessem a Câmara não iriam facilitar a vida ao presidente. A começar por travarem a agenda de Trump em áreas como a saúde, a imigração ou a reforma fiscal.

Trump foi incansável durante a campanha, percorrendo o país para dar apoio a candidatos republicanos e admitindo mesmo que votar neles era votar nele. O objetivo era claro, manter o controlo sobre ambas as câmaras do Congresso, de forma a aprovar mais cortes nos impostos, em conseguir aprovar medidas para restringir ainda mais a entrada de imigrantes na América - os tweets do presidente revelam bem a sua preocupação com a caravana de migrantes, sobretudo naturais das Honduras, neste momento a caminho da fronteira entre o México e os EUA. Afinal até já enviou militares para a fronteira e chegou a sugerir que estes deviam disparar sobre os migrantes que lhes lançassem pedras. Antes de recuar nessa ideia.

Além disso, o grande projeto de Trump de construir um muro na fronteira com o vizinho do sul para travar a entrada de imigrantes ilegais continua à espera de financiamento. E este vai ser ainda mais difícil de obter com uma Câmara dos Representantes democrata.

Com a maioria dos eleitores a apontar a saúde como a sua maior preocupação no momento de ir às urnas nestas intercalares - segundo uma sondagem da AP divulgada logo ao início da noite eleitoral - a reforma deste setor promete marcar a segunda metade do mandato de Trump. Nos primeiros dois anos, apesar de ter maioria em ambas as câmaras do Congresso, o presidente não conseguiu revogar o Obamacare, a reforma da saúde de Barack Obama que veio dar seguro de saúde a milhões de americanos. Agora, com uma Câmara democrata, essa reforma promete ser ainda mais difícil de negociar.

Difícil pode ser também um novo corte nos impostos e obter aprovação para a sua política comercial, que tem passado pelo reforço de tarifas e por uma América cada vez mais protecionista.

O fantasma do impeachment

Durante a campanha, os líderes do Partido Democrata preferiram não se pronunciar sobre a possibilidade de iniciarem um processo de destituição do presidente. Mas quando o novo Congresso tomar posse, em janeiro, o impeachment vai com certeza voltar a estar em cima da mesa. Afinal, a investigação do procurador especial Robert Mueller continua e aproxima-se do presidente, depois de já ter levado ao banco dos réus alguns dos principais colaboradores de Trump, do seu antigo gestor de campanha, Paul Manafort, ao seu antigo advogado, Michael Cohen.

Em causa está o envolvimento da equipa Trump na alegada ingerência russa nas presidenciais de 2016 para mudar os resultados a favor dos republicanos.

Apesar de terem a maioria na Câmara dos Representantes, os democratas sabem que um processo de impeachment tem poucas hipóteses de levar à queda do presidente. Historicamente, só houve dois precedentes: Bill Clinton em 1998, com o presidente democrata na mira dos republicanos liderados por Newt Gingrich por ter mentido em tribunal sobre a sua relação com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, e Andrew Johnson em 1868. Ambos acabaram por ser absolvidos pelo Senado. Em 1974, na sequência do escândalo do Watergate, Richard Nixon demitiu-se antes mesmo de ser alvo de um processo de impeachment.

Primeira vitória da noite foi republicana

O republicano Hal Rogers foi reeleito no 5.º distrito do Kentucky, com cerca de 80% dos votos, segundo as primeiras projeções. As primeiras horas da noite eleitoral acabaram por não trazer grandes surpresas. Nomes conhecidos como Bernie Sanders, Tim Kaine ou Elizabeth Warren foram reeleitos para o Senado.

Uma das curiosidades da noite foram os vencedores automáticos. À medida que as urnas iam fechando, os candidatos que não tinham adversário iam sendo dados como vencedores. É o caso do democrata John Lewis, reeleito representante do 5.º distrito da Geórgia, do republicano Austin Scott, reeleito no 8.º distrito nesse mesmo estado, e do democrata Bobby Scott, reeleito no 3.º distrito na Virgínia.

Mas foi por volta das 3.00 de Lisboa (22.00 de terça-feira na costa Leste dos EUA) que os resultados da noite se tornaram claros. As principais cadeias noticiosas - CNN, ABC News, Fox News, CBS - avançaram nessa altura que o Senado ia continuar republicano, enquanto a Câmara dos Representantes ia passar para controlo democrata.

Quase duas horas depois, a congressista Nancy Pelosi, líder da minoria democrata na Câmara e com ambições de vir a ser a líder da maioria, reagiu aos resultados. Saudando os colegas e os eleitores, afirmou: "Graças a vocês, vencemos. Graças a vocês, amanhã será um novo dia na América. Lembrem-se deste sentimento. Sintam o poder de vencer."

Fonte: DN.pt

 

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