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Tancos. Major afirma que ministro conhecia encenação

05-10-2018 - RTP

O major Vasco Brazão, detido pela Polícia Judiciária, diz que o ministro da Defesa sabia de toda a encenação do aparecimento das armas roubadas dos Paióis Nacionais de Tancos.

O ex-porta voz da Polícia Judiciária Militar regressou no início da semana da República Centro-Africana. E terá dito ao juiz de instrução que deu conhecimento a Azeredo Lopes de toda a encenação montada na Chamusca.

De acordo com o jornal Expresso, a operação para o aparecimento das armas terá sido comunicada ao ministro, através de um memorando. Mas Azeredo Lopes nega ter tido qualquer conhecimento.

Em Bruxelas, à margem da reunião ministerial da NATO, o titular da pasta da Defesa acentuou que não teve conhecimento prévio de uma encenação com a recuperação de material de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos, como terá alegado em tribunal o major Vasco Brazão, antigo porta-voz da PJ Militar.

"É totalmente falso que eu tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo", afiançou o ministro da Defesa.

O ministro Azeredo Lopes acrescentou na quinta-feira que a exigência, por parte do CDS, de uma remodelação da pasta da Defesa em consequência do caso de Tancos, apontando ao partido de Assunção Cristas “uma espécie de bullying político”. Sair do Executivo, afirmou o governante, “não faz sentido nenhum”.

“Neste caso, já tenho um bocadinho a pele dura, porque o CDS pede a minha demissão desde 3 de julho de 2017. Ao fim de um ano, três meses e dois dias, já criei alguma resistência”, redarguiu o ministro da Defesa.

“Sem querer fazer ironia, acho que não faz sentido nenhum. Se tivesse sentido, obviamente já teria apresentado a minha demissão, não tenho apego a cargos que não me leve a ter a lucidez de analisar o que faço”, acrescentou.

Azeredo Lopes ressalva que “aquilo que o CDS pede, pede legitimamente”.

“É um partido político, está a fazer oposição, considera que eu devo demitir-me, por isso encaro isso sem quaisquer hard feelings, sem críticas pessoais, embora às vezes até pareça uma espécie de bullying político”, acentuou, para acrescentar que vê “com toda a normalidade” o processo de formação de uma comissão de inquérito.

“Afeta a instituição militar”

O ministro da Defesa admitiu, por outro lado, “o embaraço” com o envolvimento de militares numa investigação como a Operação Húbris.

“Se me pergunta se é agradável todo o conjunto de situações que tem vindo a lume, não, não é. Estaria a mentir. Preferia mil vezes que tudo isto não tivesse ocorrido, preferia mil vezes que a investigação já pudesse estar concluída, preferia mil vezes que pudéssemos olhar para Tancos como uma questão bem resolvida”, vincou.

“Numa perspetiva - não lhe quero chamar optimista – mais positiva, também não lhe escondo que prefiro que o sistema funcione”, continuou o responsável, para quem o Governo agiu bem perante os acontecimentos.

Azeredo Lopes quis, ao mesmo tempo, afiançar que o dossier do furto e do reaparecimento de material de guerra dos antigos Paióis Nacionais de Tancos não inquieta os países-membros da Aliança Atlântica.

“Nunca, direta ou indiretamente, essa questão me foi suscitada e portanto a presunção que tenho que estabelecer é que não é um tópico que seja considerado preocupante ou minimamente preocupante por parte dos meus colegas, porque nem do ponto de vista formal nem sequer naquelas conversas que é habitual termos nunca me foi suscitada essa questão”, sublinhou.

Quanto à imagem das Forças Armadas, o titular da pasta da Defesa reconheceu que o caso “afeta a instituição militar”: “Evidentemente que sim”.

“Teria gostado que alguns atores políticos, sobretudo, e com respeito pleno pela liberdade de opinião e pela liberdade de expressão não tivessem aproveitado este processo para, por vezes, literalmente, usar de um sentido de humor que fere não o ministro, mas que fere as instituições”, rematou.

Operação Húbris

No início da semana, foi detido no âmbito da Operação Húbris o major Vasco Brazão, antigo porta-voz da Polícia Judiciária Militar, à chegada a Portugal depois de ter estado em missão na República Centro-Africana.

O inquérito investiga o caso da recuperação de material de guerra furtado dos Paióis de Tancos. Em causa, de acordo com o Ministério Público, estão “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.

A Polícia Judiciária havia já detido a 25 de setembro, o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé.

Na passada sexta-feira o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decretou prisão preventiva para o diretor da Polícia Judiciária Militar, coronel Luís Vieira, e para o arguido civil.

c/ Lusa

 

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