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Sanções ao Irão: Trump volta a pressionar parceiros económicos

10-08-2018 - Raquel Ramalho Lopes

O presidente dos Estados Unidos voltou à retórica agressiva e lançou um aviso aos parceiros internacionais: a partir de novembro, ou fazem negócios com os Estados Unidos ou com o Irão. O aumento da pressão é uma estratégia já antecipada pelo presidente iraniano, que acusa os Estados Unidos de estarem a fazer “guerra psicológica”.

Donald Trump não perdeu tempo para voltar à carga contra o Irão. Poucas horas após a entrada em vigor das novas sanções, o presidente norte-americano escreveu no Twitter que estas são “as mais duras sanções alguma vez impostas e em novembro aumentarão para outro nível”.

“Qualquer pessoa que negoceie com o Irão NÃO vai fazer negócio com os Estados Unidos. Exijo a PAZ MUNDIAL, nada menos!”

Numa primeira fase das sanções está vedada qualquer transação a envolver dólares, ouro e outros metais preciosos, assim como alumínio, aço, venda de aviões e carvão ou a importação de tapetes e alimentos iranianos.

As sanções tinham sido levantadas em 2015, na sequência de um acordo que apertava as malhas e o controlo ao programa nuclear iraniano.

Nesta primeira fase, prevista até 5 de novembro, a compra de petróleo ainda não será afetada.

A decisão surge três meses depois de Donald Trump ter anunciado a saída do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano.

Inimigos há décadas, os Estados Unidos e o Irão incompatibilizaram-se ainda mais desde que Donald Trump assumiu a presidência em janeiro de 2017. 

As alegadas dificuldades para visitar locais de fabrico de armas nucleares e a crescente influência política e militar do Irão no Médio Oriente contribuíram para agravar o diferendo.

Rússia ainda quer salvar acordo enquanto empresas recuam

Entretanto, a alemã Daimler já anunciou que vai encerrar a atividade no Irão, apesar da intenção da Comissão Europeia em promover um bloqueio com o intuito de "proteger as empresas europeias com interesses no Irão". Outras empresas, como a fabricante dos veículos Peugeot e a Renault, já tomaram medidas para aderir ao regime norte-americano de sanções.

Por outro lado, a Nestlé revelou que vai manter o escritório e duas fábricas naquele país, onde tem 818 empregados.

Em comunicado, o ministério russo dos Negócios Estrangeiros torna público que está "profundamente desapontado" com o restabelecimento das sanções norte-americanas ao Irão e diz-se empenhado em "fazer o que for preciso" para salvar o acordo nuclear iraniano.

Rouhani fala de “guerra psicológica”
Ainda antes da reintrodução de sanções contra Teerão, Hassan Rouhani descartava qualquer possibilidade de voltar a negociar a questão do armamento nuclear com Washington, dizendo que antes os Estados Unidos precisam provar serem merecedores de confiança.

“Se esfaqueares alguém e depois disseres que queres conversar, a primeira coisa a fazer é remover a faca”, declarou o presidente iraniano na televisão estatal.

Rouhani deixava implícito esperar primeiro que os Estados Unidos voltassem a assinar o acordo e levantassem as sanções, o que posteriormente iria abrir caminho às negociações.

“Somos sempre a favor da diplomacia e das conversações… mas negociações precisam de honestidade”, acrescentou Rouhani, para pedir aos iranianos unidade perante o aumentar das dificuldades económicas.

“Haverá pressão por causa das sanções, mas superaremos isto com unidade”, declarou.

Vida mais difícil no Irão

“A minha vida está em vias de ser destruída”, lamenta à agência France Presse, em Teerão, Ali Paphi, operário de construção civil, para quem encontrar trabalho ou comida fica mais difícil com o regresso das sanções americanas.

“Conforme vejo a situação económica atual, a classe operária vai morrer”, explica Ali. Mesmo com poucas horas de vigência, "as sanções já afetam gravemente a vida das pessoas. Não consigo pagar alimentação, aluguer (…) Ninguém se importa com os trabalhadores”, lamenta.

Os iranianos não se coíbem de responsabilizar o próprio goveno pela reimposição das sanções. No entanto, apesar dos protestos dos últimos dias por causa do agravar da situação económica, a maior parte das cidades iranianas estava calma aquando da entrada em vigor das sanções.

Os iranianos contactados pela France Presse esperam que os políticos aceitem voltar a negociar. 

Nas últimas semanas, a retórica de Trump contra o Irão assustou os investidores e fez cair ainda mais o rial iraniano. “Os preços aumentaram nos últimos três, quatro meses, e tudo aquilo de que precisamos ficou muitíssimo caro, mesmo antes do regresso das sanções”, explicava Yasaman, um fotógrafo de 31 anos que vive em Teerão.

“Espero que isso (o regresso das negociações) aconteça um dia. A maioria das pessoas acredita que os políticos vão acabar engolindo o veneno", disse ainda Yasaman, evocando uma expressão do ayatolah Khomeini, fundador da República Islâmica, ao comparar em 1988 a decisão de concluir um cessar-fogo com o Iraque "tão amargo quanto a beber um copo de veneno".

Fonte: RTP

 

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