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Autoeuropa: centenas de postos de trabalho em risco

08-09-2023 - Esquerda.net

Além dos 100 trabalhadores da Autoeuropa com vínculos precários, há pelo menos outros 100 nas empresas do parque industrial que ficarão desempregados com a paragem da fábrica. Bloco quer que os apoios públicos tenham como contrapartida a protecção destes empregos.

As organizações representativas dos trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa e os sindicatos reuniram esta quarta-feira para discutirem as consequências da anunciada paragem na produção de 11 de Setembro a 12 de Novembro para os trabalhadores das empresas fornecedoras da fábrica da Volkswagen.

"Com os dados apurados até hoje de manhã confirma-se que além dos 100 trabalhadores precários da Autoeuropa que ficam no desemprego, mais 100 trabalhadores do parque industrial enfrentarão esta situação", afirmou ao Esquerda.net Daniel Bernardino, coordenador das Comissões de Trabalhadores (CT) do Parque Industrial da Autoeuropa. Números que deverão subir, avisou, pois várias empresas ainda não apresentaram as suas decisões aos representantes dos trabalhadores. Ou seja, "nos próximos dias o problema será maior, com mais empresas em lay-off e mais despedimentos de precários".

Segundo o acordo alcançado entre a administração e a Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, a fábrica vai entrar em lay-off e pagará 95% do salário base e do subsídio de turno, bem como o prémio mensal de assiduidade, de 40 euros, "sem critérios de absentismo durante o período de `lay-off´”. Em pior situação ficaram os cerca de cem trabalhadores temporários da empresa: esta vai despedi-los, prometendo readmiti-los quando retomar a laboração normal. Quanto aos trabalhadores das restantes empresas que entrarão em lay-off, Daniel Bernardino diz que "nalguns casos há perda de rendimentos de salário em um terço". E no caso dos trabalhadores temporários ou com contrato a termo incerto, que aponta como "um vínculo que tem sido muito apetecível por várias empresas", o destino será "mais dramático, com a perda do seu posto de trabalho". Por isso, considera "injusto" o modo de aplicação do lay-off sem equidade para todos os trabalhadores, o que "requer efectiva acção inspectiva pela Autoridade das Condições do Trabalho".

O coordenador das CT do Parque Industrial acrescenta que "não é aceitável que um problema com origem num fornecedor na Volkswagen coloque em causa os trabalhadores de todo o complexo industrial", pois "um gigante da indústria automóvel não pode estar dependente, na sua cadeia de produção, de uma produção massiva de um componente". Para Daniel Bernardino, trata-se de "uma estratégia de obtenção de baixos custos para maximização de lucros, que esquece a sua responsabilidade social em caso de falha de produção, aconteçam por origem em catástrofes naturais - as cheias na Eslovénia em que o fornecedor ficou com a fábrica submersa - ou por outras razões quaisquer".

O facto de o fabricante não assegurar os rendimentos dos trabalhadores quando está em causa uma paragem de dois meses e ao mesmo tempo recorrer a apoios públicos "levanta várias questões, principalmente quando não se garantem na totalidade a manutenção dos postos de trabalho", diz o o coordenador das CT. E o mesmo diz aplicar-se às restantes empresas do parque industrial. "Muito mal vai a sua gestão financeira se não conseguem suportar os custos que além de financeiros, são sociais também", conclui Daniel Bernardino.

Apoios públicos à Autoeuropa? Só com protecção dos empregos, defende Bloco

Num requerimento dirigido à ministra do Trabalho, o deputado bloquista José Soeiro sublinha a gravidade da situação que abrange centenas de trabalhadores com vínculos precários nas empresas do parque industrial e que dependem da Autoeuropa para a sua laboração. Por isso, desafia o Governo a "impor como contrapartida a qualquer apoio a conservação dos vínculos de emprego dos trabalhadores com vínculo precário, nomeadamente nas contratações a termo incerto".

"É essencial que os postos de trabalho sejam protegidos. A principal fonte de rendimentos destes trabalhadores e destas trabalhadoras é o seu salário e tem de ser preservado", afirma José Soeiro, lembrando que o regime de layoff simplificado, criado durante o período da pandemia, pretendia proteger "não só os vínculos permanentes, como também os vínculos temporários, como é o caso dos contratos a termo".

Para o deputado bloquista, "é urgente que a tutela tome uma posição e acompanhe esta situação, tendo como contrapartida de quaisquer apoios públicos a garantia de que nenhum trabalhador ou trabalhadora é despedido, como consequência desta situação".

 

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